O secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, diz que o primeiro ministro "terá um problema qualquer com professores", porque o que disse na noite de quinta-feira, na TVI, confirma o que disse a 3 de Maio em 2019: que se o tempo fosse contado se demitia.
"Estas declarações do primeiro-ministro só serviram para incendiar os professoes", diz Mário Nogueira à Renascença.
"Recebemos uma imensa quantidade de mensagens e de e-mails logo a seguir à entrevista, a referir que isto é inadmissível e que temos de continuar. E vai ser isso que vai acontecer", garante o secretário-geral da FENPROF.
"Já está visto e confirmado que a recuperação do tempo de serviço dos professores não vai depender do governo, mas da luta dos professores. E é isso que vai acontecer", reforça
Mário Nogueira recusa ainda a tese de que não foi o primeiro-ministro nem o o PS a congelar o tempo de serviço de professores: "Das duas vezes que os congelamentos foram feitos, foi sempre impostos com governos socialistas. António Costa, da primeira vez, era membro do governo, e da segunda era autarca de Lisboa."
Nogueira diz ainda que não é verdade que os professores tenham recuperado o mesmo tempo de serviço que os outros funcionários públicos: "A esmagadora maioria dos trabalhadores da função pública recuperou, e muito bem, o tempo de serviço na integra, através da recuperação de pontos. No nosso caso, o tempo de serviço é contado em si, não por pontos."
Os professores "foram dos poucos em que a contagem de serviço não aconteceu".
"Neste caso, não é a terra: é o tempo a quem o trabalha. E os profesores trabalharam aquele tempo", remata.
A poucas horas de nova ronda negocial entre os professores e o Ministério da Educação, em que os professores vão reivindicar a recuperação dos seis anos, seis meses e 23 dias de tempo de serviço cumprido e não contabilizado para efeitos de carreira, António Costa reafirmou que não há condições para devolver o tempo de serviço aos professores, porque a evolução financeira do país não permite essa despesa permanente.
"Não vejo que o país tenha condições para acrescentar 1300 milhões de despesa permanente para todo o sempre", referiu o primeiro-ministro em entrevista à TVI.
António Costa entende a contestação no setor da Educação, mas afirma que a sua "obrigação não é chegar a acordo com os sindicatos, é resolver os problemas dos professores e do país". Afirma que "a classe dos professores acumulou 15 anos de frustração" e sublinha que o Governo "não é insensível" à questão da progressão na carreira.