O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), em alta nas pesquisas de intenção de voto, iniciou a preparação da sua lista para as eleições europeias de 2024, elegendo as políticas migratórias europeias como alvo.
A União Europeia (UE) é “profundamente antidemocrática” e não conseguiu conter as migrações, denunciou a co-líder da formação alemã AfD, Alice Weidel, num discurso em Magdeburgo, onde o partido iniciou na sexta-feira o seu congresso federal, segundo a agência de notícias EFE.
Cerca de 600 delegados da extrema-direita, por entre protestos da sociedade civil, retomaram a atividade hoje e lançaram o processo de seleção de candidatos ao Parlamento Europeu, que deverá terminar no próximo fim de semana.
“O que é necessário é uma Europa de pátrias”, declarou Weidel, que defendeu a redução dos poderes de Bruxelas, o “reforço dos Estados-nação” e a construção de uma “Europa fortaleza”, blindada contra migrantes e requerentes de asilo.
Ao mesmo tempo, acusou a presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, de fraude em relação à compra de vacinas contra a covid-19 da Pfizer.
A co-líder indicou que o objetivo do AfD é “esvaziar o pântano de corrupção” em Bruxelas e que os responsáveis “devem ser responsabilizados.
Weidel apelou à queda do ‘cordão sanitário’ imposto pelas forças políticas democráticas em relação ao grande crescimento do AfD nas sondagens, que hoje se situa em torno de 20% nas intenções de voto, o que a tornaria a terceira força na Alemanha.
A co-líder acusou os restantes partidos de serem antidemocráticos por “excluírem” os milhões de eleitores representados pelo AfD.
“Falamos com todos”, disse, argumentando que, caso contrário, há um aumento da “polarização social” e é impossível encontrar um “consenso sociopolítico”.
"O que vemos agora no leste da Alemanha é apenas o começo. Estamos a liderar as pesquisas e até às eleições regionais vamos fortalecer ainda mais a nossa posição”, disse a responsável, referindo-se ao seu reduto na antiga Alemanha do Leste.
O escolhido para encabeçar a lista de candidatos ao Parlamento Europeu foi o polémico eurodeputado saxão Maximilian Krah, suspenso duas vezes pelo grupo parlamentar Identidade e Democracia (ID), a que pertence a AfD, numa delas por suspeita de fraude.
“Nós tornamo-nos o partido de direita mais empolgante da Europa”, disse Krah, que foi apoiado por dois terços dos delegados, e que conta com o apoio do líder da ala radical Björn Höcke.
Antes, na sequência da intervenção da co-líder Weidel, os delegados aprovaram uma moção para adiar o debate sobre o programa político para as eleições europeias para depois de realizada a eleição dos candidatos, contrariamente ao inicialmente previsto.
Este debate pode tornar-se uma questão extremamente complicada para o AfD, no qual convivem posições muito diferentes sobre política externa, que já obrigou à interrupção de um congresso federal no ano passado.
Assim, uma das moções, que presumivelmente serão debatidas após a seleção dos candidatos, defende a inclusão no programa da dissolução da UE caso não seja possível efetuar reformas fundamentais na sua estrutura e competências, bem como o levantamento das sanções pela guerra da Ucrânia, pela retoma do comércio com a Rússia, entre outros temas, que podem causar grande discórdia interna.