A Arquidiocese de Braga vai enviar uma equipa missionária, constituída por três voluntários, para a paróquia de Santa Cecília de Ocua, na diocese de Pemba, Moçambique.
Devido à pandemia da Covid-19, com Moçambique ainda em estado de emergência, os voluntários deverão partir apenas em meados de setembro e nos primeiros tempos deverão ficar em confinamento.
Em entrevista à Renascença, a coordenadora do Centro Missionário da Arquidiocese de Braga, Sara Poças, explica que “este ano, esta missão tem ainda mais sentido, tendo em conta que, com a pandemia, a presença missionária é ainda mais necessária, e também devido ao conflito em Cabo Delgado, que tem fustigado o norte da província/Diocese de Pemba”.
“Apesar de todos os receios que são normais nesta fase, quer em termos de coordenação do projeto quer da equipa missionária e principalmente as famílias que ficam sempre um bocadinho angustiadas, os voluntários estão preparados para partir”, acrescenta a responsável.
Sara Poças sublinha que, apesar de não se registarem ataques na área da paróquia para onde vão os missionários, os ataques acontecem a norte da Diocese de Pemba, “há uma dor conjunta, mas estando cientes de todas essas dificuldades”.
E precisamente, também por causa das dificuldades, assinala a coordenadora do centro missionário bracarense, não quiseram “deixar de estar presentes”, acrescentando que não trabalham como uma ONG.
“Nós estamos a assumir uma missão, não quisemos desistir e, felizmente, também os voluntários aceitaram este desafio, a equipa missionária que vai partir e a que lá permanece, porque temos lá ainda um casal, o Rui e a Susana. Não quisemos deixar de estar presentes, mais ainda nesta situação tão difícil como missionários que somos, porque quisemos continuar a ser presença e a ser missão”.
“Somos Igreja, queremos ser presença”
A coordenadora do Centro Missionário da Arquidiocese de Braga considera que, apesar de todas as dificuldades que os missionários vão encontrar pela frente, “é importante continuar a estar presente para que as pessoas que já estão tão fustigadas com outras coisas, não se sintam abandonadas”.
“E se antes já havia necessidade, quer em termos pastorais quer mesmo em termos sociais, materiais, agora ainda mais. Portanto não fazia sentido, como Igreja que somos e tendo nós assumido um acordo de cooperação missionária, deixarmos neste momento essa missão”, observa Sara Poças.
A equipa missionária que vai partir é constituída pelo padre Manuel António Pinheiro Faria, da paróquia de Santa Eulália de Nespereira, arciprestado de Guimarães/Vizela, pela Andreia Sofia Pereira Guimarães de Araújo, da paróquia de Santa Maria Maior e Sé Primaz, arciprestado de Braga e pela Maria de Fátima Lima de Castro, da paróquia de Santo Emilião, arciprestado da Póvoa de Lanhoso.
Os três voluntários fizeram formação este ano e já tinham feito em anos anteriores. “São cristãos animados da Diocese de Braga, que abraçaram esta missão e que acharam que era a altura ideal para o fazerem”, conta Sara Poças, explicando que partir em missão pressupõe “um chamamento interno e depois tem a altura para o fazer e, obviamente, que, neste caso, também a formação é bastante importante, porque pretende ser não só uma preparação, mas também um discernimento”.
Com a equipa de missionários é toda a arquidiocese que parte e esta é já a quinta missão em terras de Moçambique, mais concretamente na Diocese de Pemba.
“É isso que pretendemos desde o início do projeto, que com estes voluntários parta toda a Arquidiocese de Braga e que fique unida em oração e generosidade, mas muito em oração. E é mesmo o objetivo que a diocese se envolva, se aproprie desta missão, desta paróquia, e que vá seguindo e acompanhando através dos testemunhos, das redes sociais”, assinala Sara Poças.
A responsável alegra-se, por isso, quando ouve dizer que a paróquia de Ocua, em Pemba, é a paróquia 552 da Arquidiocese de Braga.
“Toda a gente sabe onde fica Ocua, o que é Ocua, e já existe um bocadinho essa apropriação e acho que vai sendo cada vez maior com os voluntários a partir e com as pessoas a acompanharem o projeto. É um bocadinho essa a nossa missão, fazer com que a diocese seja mais aberta, não só como Igreja local, mas também como Igreja universal”, conclui.