O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, garantiu esta terça-feira ter "todo o gosto" de prestar esclarecimentos na Assembleia da República, na segunda-feira, sobre o caso do alegado furto de armamento nos paióis de Tancos.
"Sou membro de um órgão de soberania e nunca esqueço isso. Independentemente de tal facto, sempre fui à Assembleia quando fui convidado para tal. Nunca, em nenhuma circunstância, se bem me recordo, deixei de ir à Assembleia quando para tal fui convidado, e irei com todo o gosto, esclarecer o que for necessário", disse Azeredo Lopes em Washington, nos EUA, no final de um encontro no Pentágono com o secretário da Defesa norte-americano, James Mattis.
O ministro recusou, no entanto, comentar as declarações feitas numa entrevista publicada no domingo no "Diário de Notícias" e transmitida na rádio TSF, na qual admitiu poder não ter havido qualquer furto nos paióis de Tancos.
"Não vou, nos EUA, comentar uma questão interna. Como sempre disse, acho que basta perceber português para se contextualizar aquilo que eu disse (...) Estou nos EUA, vim para uma série de reuniões muito importantes, não vou maçar os portugueses com mais comentários sobre esse assunto", disse o ministro.
Os grupos parlamentares do PSD e do CDS-PP requereram hoje a realização de um debate de atualidade na próxima segunda-feira, com o tema "o alegado furto de Tancos", esperando a presença do ministro da Defesa, Azeredo Lopes.
O objetivo, indicou, é a clarificação das declarações do ministro, em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, na qual admitia, na ausência de provas, "por absurdo" que no limite podia não ter havido furto.
Na entrevista, Azeredo Lopes referiu-se à falta de provas visuais, testemunhais ou confissão e admitiu que "no limite" pode não ter havido qualquer roubo.
"No limite, pode não ter havido furto nenhum. Como não temos prova visual nem testemunhal, nem confissão, por absurdo podemos admitir que o material já não existisse e que tivesse sido anunciado... e isto não pode acontecer", disse.
Em junho, o Exército revelou a violação dos perímetros de segurança dos Paióis Nacionais de Tancos e o arrombamento de dois 'paiolins', tendo desaparecido granadas de mão ofensivas e munições de calibre nove milímetros.
Entre o material de guerra furtado dos Paióis Nacionais de Tancos estavam "granadas foguete anticarro", granadas de gás lacrimogéneo e explosivos, segundo a informação divulgada pelo Exército.