O CDS-PP exigiu este domingo a “saída imediata” do ativista Mamadou Ba do Grupo de Trabalho para a Prevenção e o Combate ao Racismo e à Discriminação, criado pelo Governo em janeiro, por “insultar” o tenente-coronel Marcelino da Mata.
Em comunicado assinado pelo vice-presidente Miguel Barbosa, o CDS-PP recorda que já tinha criticado a nomeação de Mamadou Ba para este grupo de trabalho.
“Mamadou Ba destila e incita ao ódio impunemente, beneficiando da passividade e ‘vista grossa’ das autoridades, despreza os principais referenciais da nossa cultura, insulta as nossas instituições, as nossas leis, e, mais recentemente, um dos maiores heróis do nosso tempo – também ele alvo de discriminação – o tenente-coronel Marcelino da Mata, falecido esta semana, vítima de covid-19”, refere o partido.
O CDS-PP salienta que reclamou, “perante o silêncio ensurdecedor das principais figuras do Estado”, luto nacional e funeral de Estado para o tenente-coronel Marcelino da Mata, que morreu na quinta-feira, por considerar que “Portugal deve a Marcelino da Mata a homenagem que em vida nunca lhe prestou”.
“O racista Mamadou Ba não pretende apenas 'matar o homem branco’, o seu ativismo fanático dispõe-no também a ‘matar o homem negro’ se leal e patriota. Refere-se a Marcelino da Mata em termos inaceitáveis: ‘figura sinistra’, ‘criminoso de guerra’ ou ‘malogrado sanguinário’”, refere o dirigente do CDS-PP, invocando publicações do ativista nas redes sociais.
Para o vice-presidente democrata-cristão, estas declarações “tornam insustentável” a continuidade de Mamadou Ba no grupo de trabalho contra o racismo.
“Assim, o CDS exige do Governo a saída imediata de Mamadou Ba do Grupo de Trabalho para a Prevenção e o Combate ao Racismo e à Discriminação”, apela o partido.
O tenente-coronel morreu na quinta-feira, aos 80 anos, vítima de covid-19, no Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra).
Marcelino da Mata, natural da Guiné-Bissau, tinha 80 anos e foi um dos fundadores da tropa de elite “Comandos”.
Após a Revolução do 25 de Abril e do fim da Guerra Colonial foi proibido de voltar à sua terra natal, país que entretanto se tinha tornado independente, e viu-se obrigado ao exílio, em Espanha, até ao contragolpe do 25 de Novembro (que terminou com o Processo Revolucionário Em Curso).
Foi o militar mais condecorado de sempre do Exército, segundo o ramo. Em 1969, foi armado cavaleiro da “Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito”, após ter subido sucessivamente de patente, desde soldado a major.
Marcelino Mata reformou-se em 1980 e foi ainda promovido a tenente-coronel em 1994.
Em janeiro, o Governo anunciou a criação de um Grupo de Trabalho para a Prevenção e o Combate ao Racismo e à Discriminação, que terá cinco meses para apresentar contributos e recomendações para a elaboração de políticas públicas nesta área.
De acordo com o despacho publicado, este grupo de trabalho tem uma composição multidisciplinar, incluindo a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR), especialistas e representantes de associações antirracistas.
Segundo o mesmo despacho, o grupo de trabalho será coordenado por José Reis, vogal do Alto Comissariado para as Migrações, e constituído por 15 membros, incluindo Mamadou Ba, dirigente do SOS Racismo.