O primeiro-ministro, António Costa, está reunido com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, numa das sessões de reuniões bilaterais alargadas realizadas à margem do Conselho Europeu que decorre em Bruxelas, indicaram fontes diplomáticas.
Após ter-se dirigido, esta quarta-feira de manhã, ao Parlamento Europeu, e de ter participado na primeira sessão de trabalhos do Conselho Europeu, Zelensky encontrou-se individualmente com os chefes de Estado e de Governo da União Europeia, mas, por constrangimentos de tempo, estas reuniões bilaterais foram organizadas por grupos - quatro, com seis ou sete Estados-membros cada - e uma duração média de cerca de 45 minutos.
Naquela que é a quarta e derradeira reunião multilateral a ter lugar enquanto os trabalhos do Conselho Europeu foram interrompidos para a sua celebração, Volodymyr Zelensky está reunido desde cerca das 17h25 horas locais (16h25 de Lisboa) com António Costa e os líderes de Bélgica, Irlanda, Luxemburgo, Malta e Lituânia, precisaram fontes diplomáticas.
À chegada ao Conselho, e quando questionado sobre qual a mensagem que iria transmitir a Zelensky, Costa respondeu que iria reiterar “todo o apoio à luta que a Ucrânia está a travar”, pois “seria uma tragédia para o mundo se o resultado desta guerra fosse uma vitória” da Rússia, o país agressor e que está “contra o direito internacional”, desrespeitando “o direito à integridade dos territórios, o direito de soberania dos povos, o direito à autodeterminação de cada uma das nações”.
“Desde o princípio da guerra que nós temos procurado apoiar, na medida das nossas possibilidades e à medida que os diferentes pedidos vão surgindo. Obviamente que o primeiro pedido, mais urgente, era o apoio humanitário, em segundo lugar também apoio material, apoio também para aquecimento neste inverno muito duro. E, relativamente ao apoio militar, temos dado todo o apoio que nos tem sido solicitado e de que nós dispomos e que temos possibilidades de disponibilizar”, disse.
“Ainda ontem [quarta-feira], tive a oportunidade de anunciar que temos todas as condições para no próximo mês de março fazer a entrega de três tanques Leopard que tinham sido solicitados no âmbito da coligação europeia que esta a ser formada para disponibilizar um conjunto relevante de equipamentos”, prosseguiu.
O primeiro-ministro acrescentou que, por outro lado, interessava também ouvir do próprio Zelensky, “em concreto, qual o tipo de apoio que neste momento é mais importante para a Ucrânia”.
“Convém recordar que além do apoio estritamente material, de que agora se fala muito em matéria militar, há outros tipos de apoios na área de formação, em que temos estado empenhados, o apoio técnico que temos estado a dar para a preparação do processo de adesão à UE, e apoios indiretos que temos dado”, em matéria de acolhimento de refugiados.
“Nada melhor do que falar diretamente com o Presidente Zelensky para apurar as prioridades”, apontou.
Dirigindo-se esta quarta-feira aos 27, numa intervenção transmitida em direto, o Presidente ucraniano insistiu na necessidade de os Estados-membros da União Europeia cooperarem com o país a uma velocidade superior à da Rússia para se reequipar e pediu sanções contra a energia nuclear russa.
“A capacidade de aprofundar a nossa dinâmica de cooperação tem de ser mais rápida do que a capacidade de mobilização do nosso agressor”, disse Volodymyr Zelensky que agradeceu o “apoio incondicional” que o país recebeu desde o início da guerra, há praticamente um ano: os sucessivos pacotes de sanções, o acolhimento de refugiados, o auxílio humanitário e económico-financeiro e, especialmente, o armamento que está a ser utilizado para contrariar a ofensiva de Moscovo.
Zelensky insistiu no pedido que tem feito nas últimas semanas relativamente a material militar: “Precisamos de artilharia, das munições, dos tanques, dos mísseis de longo alcance e dos caças.”
Relativamente ao anunciado décimo pacote de sanções que a UE está prestes a adotar, para coincidir com o aniversário do início da invasão, a 24 de fevereiro e o Presidente da Ucrânia insistiu na necessidade de incluir a energia nuclear russa: “Acham justo não haver sanções quando a Rússia ameaça com uma nuvem nuclear?”, questionou.
Na conferência de imprensa conjunta que se seguiu com os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão, Zelensky também exortou a UE a incluir nas sanções a “indústria de 'drones' e mísseis”.
Os trabalhos deste Conselho Europeu encontram-se muito atrasados, pois os outros dois grandes temas da cimeira, migrações e competitividade industrial, só começarão a ser discutidos pelos 27 depois dos encontros com Zelensky, verificando-se já um atraso superior a três horas na agenda.