O Presidente da República considera que “não há a mínima lógica nas sanções”. Marcelo Rebelo de Sousa falou à imprensa em Celorico de Basto, concelho que visita exactamente no dia em que passam seis meses sobre a sua eleição para Belém.
Marcelo Rebelo de Sousa confessa mesmo que, quanto mais pensa na matéria, mais considera que não há a mínima lógica. Ainda assim, acrescenta, é preciso esperar pelas decisões que aí vêm.
O chefe de Estado justifica não haver lógica nas sanções porque "ou é contra o Governo de Passos Coelho, por causa de 0,2% muito discutíveis, quando há diferenças muito maiores -houve no passado e há no presente noutras economias que nunca foram punidas - ou é contra o Governo de António Costa, por causa da gestão do orçamento deste ano", embora só no fim deste ano se saibam os resultados.
O Presidente sublinhou, contudo, que "os resultados até Junho mostram que não há uma derrapagem orçamental".
“Se não faz sentido ser em relação ao passado e não faz sentido ser em relação ao presente, então qual é o sentido das sanções? Mas vamos esperar", sustentou.
Este tema será abordado, "naturalmente", na segunda-feira pelo Presidente com os partidos políticos, disse.
O tema das sanções por défice excessivo vai estar em cima da mesa nos encontros que o Presidente da República tem marcados para o início da semana com partidos e parceiros sociais.
Julho faz “subir a temperatura” entre actores políticos
Questionado se a questão de Portugal ser eventualmente punido pela União Europeia faz aumentar a crispação política, Marcelo disse encontrar "na sociedade portuguesa um clima geral em que a crispação desapareceu".
Mas há, "como é habitual em todos os meses de Julho, não sei se por cansaço, se é porque está a acabar o trabalho do parlamento, se é porque há ali um espécie de acerto de contas a fazer em relação ao passado preparando o futuro (...) uma certa subida de temperatura nos atores políticos".
"A minha experiência mostra que há no mês de Julho uma subida de temperatura nos atores políticos, no que se dizem, no que se chamam, naquilo que pensam ou não pensam mas dizem que pensam sobre o país, isso tem que ser levado à conta da época e não se confunde com estado de espírito do povo", concluiu.
Marcelo, que foi presidente da Assembleia Municipal de Celorico de Basto e foi ali que anunciou a sua candidatura à Presidência da República, iniciou esta deslocação à vila com uma visita a um hotel inaugurado na semana passada. O Presidente da República assistirá ainda esta tarde ao cortejo etnográfico, que se realiza no âmbito das festas do concelho, em honra de São Tiago.