O Estado registou um excedente de 5.253 milhões de euros até setembro, em contabilidade pública, uma melhoria de 9.945 milhões de euros face aos primeiros nove meses de 2021, indicou o Ministério das Finanças.
"Em contabilidade pública, as Administrações Públicas registaram um excedente orçamental de 5.253 milhões de euros até setembro de 2022", lê-se num comunicado divulgado pelo Ministério das Finanças, que antecede a publicação da síntese de execução orçamental pela Direção-Geral do Orçamento (DGO).
O excedente reflete uma melhoria do saldo de 2.711 milhões de euros face a 2019, último período pré-pandemia, e de 9.945 milhões de euros face aos primeiros nove meses de 2021.
De acordo com o executivo, esta melhoria traduz um aumento da receita de 15,5% face a 2021 e de 14,9% em comparação com 2019, o que é justificado pelo "dinamismo do mercado de trabalho, da economia e pelo efeito da subida de preços".
Por outro lado, reflete um aumento da despesa de 0,3% face a 2021, influenciado pela redução das despesas associadas à pandemia de covid-19.
Já a despesa primária aumentou 1%, mas sem o efeito das medidas covid-19, tem uma subida homóloga de 3,4%, enquanto a despesa corrente progride 4,3%.
Em comparação com igual período de 2019, a despesa primária apresenta um crescimento de 11,2%.
"A evolução positiva da execução orçamental nos primeiros nove meses do ano permitiu pré-financiar o programa Famílias Primeiro e o programa Energia para Avançar, anunciados em setembro e concretizados em larga medida em outubro.
A despesa com estes programas só será refletida a partir da execução orçamental de outubro, o que antecipa uma degradação do saldo orçamental no próximo mês", assinalou o ministério tutelado por Fernando Medina.
Até setembro, a receita fiscal contributiva cresceu 16,6%, face ao mesmo período de 2021, e 15,7% em comparação com 2019.
Para esta percentagem contribuiu sobretudo a receita fiscal (20%), nomeadamente a recuperação do IVA (+20,7%).
Face aos primeiros nove meses de 2019, período antes da pandemia, a receita fiscal aumentou 15,2%.
A despesa primária, sem as medidas Covid-19, por seu turno, cresce 3,4%, "com aumento no SNS [Serviço Nacional de Saúde], em salários e no investimento".
No período em análise, a despesa do SNS aumentou 6,2%, face ao mesmo período de 2021, ou 22,1% em comparação com 2019.
Destaca-se a componente de aquisição de bens e serviços, que progrediu 9,7% face a 2021, com um contributo da despesa associada a produtos vendidos nas farmácias (+16%) e aos meios complementares de diagnóstico e terapêutica (+12,1%).
O executivo adiantou ainda que a despesa com os salários nas Administrações Públicas ascendeu 3,2%, face ao período homólogo, com destaque para o ganho de 5,5% nos salários do SNS.
Entre janeiro e setembro, o investimento da Administração Central e Segurança Social, sem as parcerias público-privadas (PPP), atingiu 1.337 milhões de euros, o que se traduz numa subida de 23,1% face ao período homólogo.
Conforme apontou o Ministério das Finanças, a despesa com prestações sociais, realizada pela Segurança Social, excluindo as prestações de desemprego e as medidas covid-19, cresceu 3,5%.
Os maiores aumentos registaram-se, por exemplo, nas prestações de parentalidade (+12,1%) e no subsídio por doença (+7,3%).