O secretário de Estado do Vaticano disse esta segunda-feira que a Santa Sé está pronta para “facilitar negociações” entre a Rússia e a Ucrânia para acabar com a guerra.
Em entrevista aos principais jornais italianos, o cardeal Pietro Parolin, um dos principais colaboradores do Papa, alerta para a “catástrofe gigantesca” que seria a escalada do conflito e apela à paz.
“A Santa Sé, que nos últimos anos tem acompanhado de forma constante, discreta e com grande atenção os acontecimentos na Ucrânia, oferecendo a sua disponibilidade para facilitar o diálogo com a Rússia, está sempre pronta a ajudar as partes a retomar este caminho”, assegura o prelado.
O secretário Estado do Vaticano não esconde a sua preocupação com a possibilidade de o conflito se alastrar e envolver diretamente outros países europeus, face ao envio de armamentos para a Ucrânia.
“Nem me atrevo a pensar isso. Seria uma catástrofe de proporções gigantescas, ainda que, infelizmente, não seja uma eventualidade a ser totalmente descartada. Vi que os incidentes que precederam e provocaram a II Guerra Mundial foram evocados nalgumas das declarações dos últimos dias. São referências que te fazem estremecer”, declarou aos jornais italianos.
Já na quinta-feira, dia em que a Rússia invadiu e decidiu lançar uma ofensiva militar na Ucrânia, o secretário de Estado do Vaticano apelava ao regresso da negociação para travar o conflito.
No domingo, o Papa voltou a condenar a guerra na Ucrânia e noutras partes do mundo, renovando o convite a fazer do dia 2 de março uma jornada de oração e jejum pela paz.
“Com o coração despedaçado pelo que acontece na Ucrânia – e não nos esqueçamos das guerras noutras partes do mundo, como o Iémen, a Síria ou a Etiópia -, repito: calem-se armas!”, afirmou no Vaticano, após a recitação do ângelus.
Francisco defendeu a urgência de abrir “corredores humanitários” para as populações em fuga, sustentando que estas devem ser acolhidas. “Penso nos idosos, nos que procuram refúgio, nestas horas; nas mães em fuga, com os seus filhos. São irmãos e irmãs”, realçou.
Sublinhou, ainda, que o mundo foi “sacudido por algo trágico, a guerra”, convidando à oração pelo fim do conflito.