O ministro das Finanças, Fernando Medina, disse esta sexta-feira que cumpriu com a sua "obrigação" ao demitir Alexandra Reis do cargo de secretária de Estado do Tesouro e destacou que não detinha a tutela quando foi decidido pagar 500 mil euros de indemnização à então diretora executiva da TAP.
O governante sublinhou ainda que a sua mulher, Stéphanie Sá Silva, ex-diretora jurídica da TAP, que abandonou o cargo quando Medina assumiu a pasta das Finanças, se encontrava em licença de maternidade quando a indemnização a Alexandra Reis foi acordada -- prometendo inclusivamente processar judicialmente quem continuar a disseminar o que diz ser uma "mentira objetiva".
"Uma coisa é dizer que o departamento jurídico participou, não sei se participou ou não, é um assunto interno da TAP. Outra coisa é dizer que a minha mulher participou, isso é falso, objetivamente falso, e digo-vos que, se os senhores jornalistas, depois do desmentido que faço, continuarem a insistir na repetição de uma mentira objetiva, estarão ao lado daqueles que estão a denegrir a nossa vida pública e a nossa vida democrática."
"A minha mulher apresentou a sua renúncia à TAP no dia 30 de março" e portanto, adiantou Medina, "não estava na empresa, não teve conhecimento, não negociou, não participou e nada teve a ver com esse processo".
O ministro das Finanças destacou ainda que, apesar de ter repetido esta informaçãoa vários interlocutores, "passado estes dias todos eu registo que essa campanha, que é procurar atingir-me através da minha mulher, continua por parte de partidos políticos, comentadores e jornalistas".
"As pessoas que jogam baixo na vida pública, que procuram denegrir as mulheres de políticos como se não tivessem vida própria, eu a essas pessoas só posso responder da seguinte forma: não nos vão atingir. Vamos continuar a responder com verdade, com elevação, com dignidade e os casos que tiver de colocar em tribunal colocarei em tribunal em defesa da honra própria."
Medina afasta responsabilidades próprias
Nestas declarações aos jornalistas, o ministro rejeitou ter responsabilidades no caso da indemnização de meio milhão à agora ex-secretária de Estado do Tesouro, considerando que, se não passou, a decisão deveria ter passado pelo Ministério das Finanças, à data tutelado por João Leão.
"Não é obviamente natural, não é obviamente adequado que uma empresa que tem uma tutela financeira que é o Ministério das Finanças, que haja decisões com este impacto e que não sejam do conhecimento do Ministério das Finanças, não é regular."
“Eu não ocupava nenhuma função governativa quando esta decisão da TAP é tomada”, afirmou, lembrando que era ainda João Leão o ministro das Finanças. "O que fiz foi a minha obrigação", adiantou, referindo ainda que, no Governo, apenas Pedro Nuno Santos sabia da indemnização paga a Alexandra Reis.
“Não fui responsável porque não atribuí a indemnização, não a conhecia, não a atribuí, não concordei com ela e, por isso, não me sinto responsável [pela demissão de Pedro Nuno Santos]”, acrescentou.
Questionado sobre a aparente ilegalidade cometida pela administração da TAP, que comunicou à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que Alexandra Reis saiu por vontade própria, ao contrário do que diz a ex-secretária de Estado, Medina remeteu decisões sobre a sua própria continuidade no cargo para quando houver resultados do inquérito aberto ao caso.
"A Inspeção Geral de Finanças (IGF) vai fazer o seu trabalho, quando acabar nós tiraremos conclusões."
Da mesma forma, Medina deixa em aberto a continuidade da atual administração da TAP, cujo futuro também depende da auditoria a cargo da IGF.
[atualizado às 14h59]