Há anos que o Hospital de São Bernardo, em Setúbal, enfrenta dificuldades. Nesta quinta-feira demitiram-se 87 médicos com funções diretivas nos vários serviços e a Renascença deslocou-se ao local, para ouvir quem depende daquele hospital e que lida, há muito com os problemas ali existentes.
“Não se justifica, numa capital de distrito, estarmos com um serviço tão reduzido e com tantas falhas”, diz Eduarda Vaz antes de entrar na Secundária Sebastião da Gama, na zona do Bonfim.
Os setubalenses temem que a situação de precariedade não se resolva a curto prazo, o que causa algum desconforto, admite esta habitante.
À porta da mesma escola está Célia Silva, que há uns anos viveu uma situação complicada naquele hospital, decorrente da falta de meios humanos.
“Entrei com dores no estômago, estive uma semana com dores, fiz montes de exames e, afinal, o meu apêndice tinha rebentado, já tinha uma septicémia”, relata.
A demissão em bloco desta quinta-feira é mais um protesto contra a falta de condições em vários serviços, nomeadamente na Urgência, Obstetrícia, Pediatria e Unidade de AVC.
A Ordem dos Médicos fala em situação de rutura e aponta como principal problema a falta de recursos humanos.
Em resposta, o Governo anunciou um concurso internacional de ampliação do São Bernardo, que “estará terminada em 2023”, e o recrutamento de 10 médicos.
Jesus Palma, residente na cidade, reage: “10 médicos é uma brincadeira, visto que o hospital de Setúbal tem carências já há muito tempo”. Carências que, de acordo com a população, não se justificam, sobretudo no principal hospital da cidade que é capital de distrito.