O ainda ministro das Finanças Mário Centeno admite que o Estado possa voltar a ter uma posição dominante na TAP. A consideração foi feita durante a entrevista do governante esta quinta-feira à noite à RTP.
O ministro demissionário admite essa hipótese “se o setor privado não acompanhar o esforço” financeiro que o Estado vai fazer na empresa.
Centeno falava a propósito do “empréstimo de emergência” que o Governo pretende fazer para auxiliar a companhia aérea, uma operação já autorizada por Bruxelas já autorizou.
“A situação de todo o setor da aviação no mundo inteiro é muito difícil”, disse Centeno naquela que terá sido a sua última entrevista como ministro de Estado e das Finanças.
Questionado sobre se, à semelhança de outras companhias aéreas, terão de ser feitos cortes na estrutura da TAP, Centeno lembrou que “há muitas incertezas sobre o futuro do setor” e considerou que “dificilmente” será evitado o cenário de cortes, mas deixou claro que a empresa tem de ter estrutura para corresponder à sua missão.
Repetir austeridade seria erro duplo
Mário Centeno falou ainda sobre o atual momento de crise económica provocado pela pandeia de Covid-19.
Perante as estimativas de aumento de desemprego e quebra da economia e um possível regresso da austeridade, Centeno afastou essa hipótese.
“Temos instrumentos que nos permite ter a expectativa que o trabalho possa ser concluído sem termos de recorrer a receitas que no passado já não funcionaram”, disse, acrescentando que tal "seria um erro duplo".
Centeno explicou que o momento atual é de grande incerteza e que nunca foi testado. "Em nenhum livro se explica como se fecha uma economia e como é que se reabre uma economia", disse.
"Vamos ter de ser todos muito focados e o esforço que vai ser exigido vai ser grande, mas também lhe digo que não é que Portugal não tenha sido chamado a esforço de dimensão até se calhar superior", acrescentou.