O Presidente da República desdramatiza as notícias que dão conta de que há já supermercados a colocar alarmes em bens alimentares, mas alerta que a pobreza continua a ser “um problema de fundo” em Portugal.
Questionado sobre notícias que apontam para a existência de alarmes, por exemplo em latas de atum, para evitar roubos, Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que a situação “não é generalizada”.
“Periodicamente há uma ou outra noticias dessas”, começa por dizer, mas “até agora, tendo eu perguntado a quem está a acompanhar essa matéria, se é uma situação generalizada, não é”.
“A generalidade dos portugueses, apesar da crise, da situação económica e social, e das medidas que vai sendo necessário tomar, e à medida que passe o tempo poderá ser necessário tomar mais medidas se a guerra se prolongar, a generalidade dos portugueses tem um comportamento cívico, apesar daquilo que sofre, verdadeiramente irrepreensível”, afirmou, aos jornalistas, à margem do XVI encontro anual do Conselho Superior da Magistratura, em Vila Nova de Gaia.
Apesar de tudo, o chefe de Estado lembra que a pobreza “é um problema de fundo” da sociedade portuguesa e avisa que, com ou sem guerra, é urgente que os números sobre a pobreza em Portugal reduzam num prazo de oito anos.
Se a estratégia de combate à pobreza “já era uma necessidade antes da guerra”, a pobreza no país “subiu” com a guerra, e antes com a pandemia, sublinhou.
“É preciso fazer aquilo que a estratégia contra a pobreza se propunha a fazer, até 2030 reduzir de forma apreciável aquilo que é um patamar de pobreza brutal”, afirmou, Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República aponta como “meta fundamental”, a cumprir até 2030, passa por retirar 765 mil pessoas do risco de pobreza.
“Dos fundos europeus, espero que uma parte venha, ao tratar da Educação, da Habitação, de questões sociais e de Saúde, que venha enfrentar as causas da pobreza em Portugal”, disse.
Marcelo alertou ainda para o perigo de uma sociedade andar “para trás” se não conseguir ultrapassar o problema da pobreza e espera que os fundos europeus sirvam para “enfrentar as causas” que provocam carências.
“Uma sociedade que não consegue, como um todo, poderes públicos e todos os cidadãos, não consegue ultrapassar o problema da pobreza, é uma sociedade que, ainda por cima envelhecida, anda para trás, não anda para a frente”, rematou.