Terá sido a Procuradora-Geral da República a tomar a decisão de incluir o último parágrafo no comunicado referente à operação Influencer. O parágrafo, que tanta polémica tem gerado, que deu a conhecer a existência de uma investigação criminal contra António Costa, e que levou à demissão do primeiro-ministro.
A informação é avançada pelo semanário Expresso que cita fontes judiciais que dão conta que os três procuradores do DCIAP, responsáveis pela investigação, se limitaram a enviar para a PGR as informações sobre o número e os locais das buscas, detenções e o que estava em causa no processo. Dados que deveriam constar do comunicado.
Ao contrário do habitual, a procuradora-geral terá acrescentado um ponto porque - segundo Lucília Gago - o texto tinha de fazer referência às suspeitas que recaem sobre o primeiro-ministro, por temer que o Ministério Público pudesse ser acusado de estar a proteger António Costa.
A decisão da procuradora não terá provocado mal-estar na equipa de magistrados liderada por João Paulo Centeno.
De acordo com o semanário, o Presidente da República foi o primeiro a saber do parágrafo que mencionava o primeiro-ministro, mas não teve qualquer interferência no teor do comunicado.
Recorde-se que António Costa é alvo de uma investigação autónoma do MP no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos negócios investigados.
Fontes judiciais contactadas pela Renascença já tinham explicado que o facto seria tornado público a partir do momento que os arguidos começassem a ser ouvidos em tribunal e os advogados consultassem o processo porque lá se iria ler extração de certidão para o STJ relativa a suspeitas contra o primeiro-ministro.
Quando saiu o comunicado, a Renascença questionou a PGR sobre a razão que tinha levado à inclusão do último parágrafo e se tinha comunicado antecipadamente a António Costa, mas a PGR optou pelo silêncio.