O presidente Bielorrússia ameaça cortar o fornecimento de gás proveniente da Rússia para a Europa, caso Bruxelas avance com sanções no quadro da escalada da crise migratória na fronteira ocidental do país com a Polónia, a Lituânia e a Letónia.
"Estamos a aquecer a Europa e eles [UE] estão a ameaçar-nos. E se interrompermos o fornecimento de gás natural? Eu recomendaria que a liderança da Polónia, os lituanos e outras pessoas de cabeça vazia pensassem antes de falar".
Esta declaração de Alexander Lukashenko provocou uma vaga de receio quanto ao agravamento da escassez de gás natural e à escala de preços, mas, na resposta, o Comissário Europeu para os Assuntos Económicos, Paolo Gentiloni, sublinhou que os 27 membros "não se deixam intimidar” e, a partir de Vilnius, a capital da Lituânia, onde se encontra exilada, a líder da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaya, considerou que, com este ultimato sobre o fornecimento de gás natural, Lukashenko está a fazer bluff.
Alguns analistas, contudo, fazem uma leitura diferente dos acontecimentos admitem que, caso a pressão europeia sobre Minsk aumente, o líder bielorrusso poderá reagir dessa forma, o que elevaria os preços do gás natural em toda a Europa, inclusivamente no Reino Unido.
Outros admitem que Lukashenko poderá, apesar de tudo, adotar uma postura moderada, uma vez que, segundo dizem, o corte da circulação de gás para a Europa seria desastroso para a economia débil da Bielorrússia, embora Lukashenko já tenha tomado decisões economicamente irracionais no passado, além de que o gás que a Bielorrússia está a ameaçar cortar à Europa pertence à Rússia. O país de Alexander Lukashenko é, apenas, um ponto de passagem.
Certo é que, no atual quadro de crise migratória que, segundo o bloco europeu, está a ser instigada por Lukashenko, Bruxelas poderá agravar as sanções contra o regime bielorrusso com medidas que podem impedir que as companhias aéreas internacionais que transportam migrantes possam aterrar no aeroporto de Minsk.
Também a companhia aérea estatal russa Aeroflot está na mira de Bruxelas, sob a alegação de que está a promover o transporte de migrantes para a Bielorrússia, uma acusação que a administração da Aeroflot nega.
Já a Turkish Airlines vai restringir a venda de bilhetes para algumas rotas para iraquianos, sírios e iemenitas e o governo do Iraque já fez saber que está a organizar voos de repatriamento para os seus cidadãos que se encontram retidos na Bielorrússia.