O secretário-geral da Fenprof acredita que a maioria das escolas no país irá estar fechada devido à greve nacional, considerando que nos professores há "uma convergência muito grande" na necessidade de continuar a lutar.
"Penso que a maioria das escolas vai estar fechada, em particular as escolas do 2.º, 3.º ciclo e ensino secundário", disse à agência Lusa Mário Nogueira, considerando que haverá ainda casos de estabelecimentos que procurem reafetar os poucos funcionários disponíveis para manter a escola aberta.
É o caso da Escola Secundária Quinta das Flores, em Coimbra, que ficará aberto apenas até às 14h30, e onde o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) se encontrava esta manhã.
"Tirando uma outra escola que abram de manhã, a maioria estará fechada", sublinhou Mário Nogueira, esperando níveis de adesão semelhantes à greve dos professores de 2 de novembro.
Segundo o dirigente sindical, "os motivos são mais do que justos" e a indignação face ao aumento do custo de vida torna-se mais visível. "Quando ouvimos os governantes a afirmar que os funcionários públicos vão ter o maior aumento da década isso é verdade, mas esconde a verdade maior de que os funcionários vão ter a maior perda salarial da década. Eu diria que, quando tivemos uma inflação zero e um aumento zero tivemos uma perda menor do que agora com 2% ou 3% [de aumento] e uma inflação de 10%", notou.
Segundo Mário Nogueira, face àquilo que tem ouvido em plenários que a Fenprof tem realizado pelo país, a opinião dos professores tem-se radicalizado, ao ponto de haver quem peça "uma greve por tempo indeterminado". "Isso mostra bem os níveis de indignação. A luta com certeza que irá continuar", vincou.
Dentro das diferentes organizações sindicais dos professores, há também "uma convergência muito grande na apreciação da situação e na necessidade de desenvolver ações de luta mais fortes", referiu.
Mais de uma dezena de escolas encerradas no distrito do Porto
Mais de uma dezena de escolas do distrito do Porto estão hoje encerradas devido à greve dos trabalhadores da administração pública, a maior parte, por falta de assistentes operacionais.
Sem dados concretos sobre a adesão à paralisação, Francisco Gonçalves, dirigente do Sindicato dos Professores do Norte (SPN) e da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), explicou aos jornalistas que o que se sabia, cerca das 8h30, era de muitas escolas encerradas, admitindo que "nessas tem mais a ver com a adesão do pessoal não docente, de setores chave".
"O diretor de cada escola tem que verificar se tem condições de segurança para a escola funcionar ou não e, portanto, há muitas que estão encerradas por essa razão", afirmou o dirigente dos SPN junto à Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, no Porto, que também encerrou.
Relativamente à adesão dos professores "só ao longo do dia se saberá", disse Francisco Gonçalves, referindo que os professores aderiram a esta greve por questões relacionadas com o Orçamente de Estado, que "não responde aos problemas, não tem dotação orçamental suficiente para solucionar problemas como a precariedade, a carreira, cotas, vagas e também por questões salariais".
A greve foi convocada para hoje, a uma semana da votação final global da proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), que prevê aumentos salariais de um mínimo de cerca de 52 euros ou de 2% para a administração pública no próximo ano.
A Frente Comum de Sindicatos exige aumentos salariais de "10% ou um mínimo de 100 euros" para a administração pública no próximo ano e acredita que ainda há tempo para negociar com o Governo, apesar da votação do OE2023 acontecer já na próxima semana.