O bombardeamento e a tomada (violenta - 6 feridos, 27 marinheiros ucranianos feitos prisioneiros) de três navios ucranianos ao largo da Crimeia, por parte de navios, aviões e helicópteros russos, revela aquilo que toda a gente sabia: Putin não desiste de destruir a Ucrânia como país independente. Com maior ou menor intensidade, a guerra no Leste ucraniano não cessou. Claro que Moscovo diz que nela não participam militares russos, mas é óbvio que participam mesmo, disfarçados e/ou fingindo serem voluntários.
O objetivo de Putin é recuperar a Rússia da humilhação de ter deixado de ser uma superpotência (aí os ocidentais foram pouco cuidadosos). Para tal, não olha a meios, incluindo os informáticos, interferindo em eleições no estrangeiro. E a Ucrânia fez parte do império soviético, cujo colapso Putin classificou como a grande tragédia do século XX – isto, não sendo ele, nem quase ninguém na Rússia, ideologicamente um comunista.
Como compreender, então, a simpatia com que vários dirigentes ocidentais, de Trump a Salvini, passando pelo húngaro V. Orban e pela senhora Le Pen, encaram o autocrata russo? Um objetivo os une: dar cabo da integração europeia.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, garantiu que "a Europa ficará unida no apoio à Ucrânia" e repudiou as ações da Rússia no mar de Azov, um pequeno mar entre a zona contestada da Crimeia e o mar Negro. E acrescentou: "Eu condeno o uso da força russa no mar de Azov. As autoridades russas devem devolver os navios e os marinheiros ucranianos e conter futuras provocações". A NATO convocou uma reunião de urgência.
A Crimeia foi ilegalmente anexada pela Rússia em 2014, simultaneamente a desencadear uma revolta no Leste da Ucrânia, orientada por militares russos. Nada mudou entretanto, tirando este episódio de guerra naval. Mas Trump quer diminuir as sanções internacionais à Rússia.