A organização Save the Children denunciou esta quarta-feira que cerca de 630 mil crianças ucranianas que regressaram a casa desde o início da invasão russa enfrentam "necessidades extremas" que colocam em risco as suas vidas.
A Save the Children recordou que 15 milhões de pessoas fugiram das suas casas desde o início da invasão russa - que este sábado cumpre dois anos - e afirmou que esta foi a crise de deslocamento "mais rápida" na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Neste momento, 6,3 milhões de ucranianos são refugiados no estrangeiro e 3,7 milhões estão deslocados dentro do país.
Mais de 4,5 milhões de pessoas deslocadas regressaram às suas casas, incluindo 1,1 milhões de crianças e, deste número, mais de 600 mil regressaram a situações de pobreza e perigo, enquanto 360 mil regressaram às províncias afetadas pela guerra ou localizadas na linha da frente dos combates, incluindo Dnipro, Kharkiv, Mykolaiv, Odessa e Sumi.
A organização não-governamental (ONG) explicou que a condição de "necessidade extrema" é a segunda categoria de necessidade mais elevada, realizada com base em dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
"As crianças da Ucrânia suportaram dois longos anos de violência e destruição", disse a diretora da ONG na Ucrânia, Sonia Kush, que acrescentou que "muitas famílias foram forçadas a abandonar as suas casas em busca de segurança".
"Para elas, nenhum lugar é como a casa. Devemos respeitar o seu desejo de estar onde pertencem", argumentou Kush, descrevendo como essencial ajudar as comunidades afetadas pela guerra a reconstruírem-se e a recuperarem para que "as famílias tenham ferramentas para retomarem as suas vidas".
A ONG apelou às partes em conflito para que cumpram as suas obrigações ao abrigo do direito internacional e protejam os civis, parem de usar armas em áreas povoadas e concedam acesso humanitário claro e sem entraves às famílias encurraladas pela guerra.