O secretário-geral do PCP afirma que a “montanha não pariu um choque fiscal”, mas apenas “uma redução do IRC” para as grandes empresas. Num almoço-comício este domingo em Loures, Paulo Raimundo voltou a colocar a mira na polémica com o IRS.
O líder comunista acusou o Governo de beneficiar apenas “os rendimentos mais altos” e de contribuir para a “injustiça fiscal”. Por isso, Raimundo critica o executivo por colocar em risco os valores do 25 de Abril.
“Tanta conversa e, no fim, o que o Governo quer é aprofundar a injustiça fiscal. (...) O direito à educação, à saúde, ao ambiente, à habitação, à emancipação, ao trabalho com direitos, a uma vida sem discriminações só serão possíveis com os valores de Abril. É desse Abril que o Governo e a direita nos procuram afastar cada vez mais”, defendeu.
Noutro plano, o secretário-geral comunista desafiou os restantes partidos a viabilizarem a proposta do PCP para a criação de uma comissão parlamentar de inquérito sobre a privatização da ANA.
Paulo Raimundo considera que este caso é “40 mil vezes maior do que o escândalo da indeminização a Alexandra Reis quando saiu da TAP” e, por isso, agora se verá quem é que realmente está empenhado em lutar contra a corrupção ou "em se colocar ao serviço das multinacionais e do grande capital".
Ainda antes de terminar o almoço-comício, o líder da CDU aproveitou para implicitamente criticar o chumbo da bancada socialista à moção de rejeição ao Programa do Governo apresentada pelo PCP, e alegar que isso revelou “quem se disponibiliza para dar a mão [ao Governo] sempre que necessário”.
De “cabeça levantada” para as Europeias
João Oliveira, cabeça de lista da CDU às eleições europeias, também marcou presença neste almoço comício, garantindo que os comunistas estão de boa saúde para mais uma batalha eleitoral.
“É uma batalha eleitoral que estamos a travar por um Portugal democrático e desenvolvido numa Europa de paz, de progresso, de cooperação entre povos e Estados soberanos e iguais em direitos. Esta é uma afirmação que nos distingue (...). A CDU é uma força política que enfrentará esta batalha eleitoral de cabeça levantada e de peito cheio”, defendeu.
Sobre as críticas de que os comunistas querem tirar Portugal da União Europeia, João Oliveira sublinha que essa medida “não foi colocada pela CDU” para as europeias de junho.
Já quanto à saída da zona Euro, o cabeça de lista esclarece que não quer contribuir para o “isolamento” do país.
“A questão de prepararmos o Portugal para a libertação da submissão ao Euro (...) é numa perspetiva de alargamento. A União Europeia é muito pequena para o espaço de relações internacionais e de política externa que o povo português tem de fazer”, rematou.