O antigo diretor de risco da Caixa Geral de Depósitos (CGD) Vasco Orey disse esta quinta-feira no parlamento que o relatório de auditoria da EY ao banco público contém "realidades alternativas" e ataca a independência da direção de risco.
"A versão [do relatório da EY] disponibilizada no 'site' da Assembleia da República contém realidades alternativas das quais são extraídas conclusões", disse hoje Vasco Orey em audição na segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da CGD, no parlamento, em Lisboa.
O anterior responsável salientou, durante a sua intervenção inicial na audição, que a direção-geral de risco (DGR), que dirigiu entre 2001 e 2010, "era totalmente independente na emissão de pareceres envolvendo risco de crédito" e que "não votava nos conselhos de crédito".
Mais tarde, em resposta à deputada do CDS-PP Cecília Meireles, Vasco Orey citou partes do relatório da EY que indicam que a DGR "participa na decisão da concessão de crédito", algo que o responsável disse "não encontrar suporte factual" na estrutura da CGD.
"Este relatório acusa a DGR de não ser independente, porque pertence a um órgão de decisão", algo que de acordo com Vasco Orey não se verificava nos escalões de decisão que geraram grandes perdas para a CGD nos anos em que exerceu funções.
Vasco Orey referiu ainda que há referência no relatório a que o diretor de risco assuma a função em exclusividade, algo que não era verdade, e contestou ainda a designação de CRO ('Chief Risk Officer') utilizada no relatório da EY.
O responsável referiu ainda que o relatório da EY aponta que a DGR "estava envolvida na direção de propostas", mas Vasco Orey esclareceu que "não eram propostas de crédito".