À segunda tentativa, Alma Rivera conseguiu. Em 2015, também foi candidata na lista da CDU, mas em sexto lugar, e não foi eleita apesar das boas expectativas. Desta vez é que foi. Estava na lista por Lisboa em número dois, logo a seguir a Jerónimo de Sousa, e esta sexta-feira irá sentar-se pela primeira vez como deputada na sala das sessões.
Aos 28 anos, a nova deputada comunista substitui Rita Rato, que há quatro anos concorreu no mesmo segundo lugar por Lisboa e que agora falhou a eleição pelo círculo da Europa. Encontrámos Alma Rivera no andar nobre do Parlamento e ainda a conhecer os cantos à casa.
Sentada num dos sofás instalados mesmo em frente à porta do grupo parlamentar do PCP, a nova deputada desabafou à Renascença que está "meio perdida, na verdade isto é muito labiríntico" e a confessar também que conhece "muito pouco" o edifício. Porém, "com o trabalho" há-de "conhecer melhor esses espaços", sendo que por agora "é mais os gabinetes e os corredores e a cantina", precisou, soltando uma gargalhada.
Alma é membro do comité central do PCP, nasceu nos Açores, onde viveu até aos 18 anos, é filha de pai e mãe de origem italiana e daí o nome pouco comum. Fez parte da juventude do partido, é jurista e, sendo eleita pelo círculo eleitoral de Lisboa, diz que há duas questões urgentes a resolver na capital: a habitação e os transportes.
Para já não está definido em que comissão parlamentar vai trabalhar, mas a nova deputada sublinha que "a habitação é um dos problemas que mais se sentem em Lisboa", para além do "facto de haver uma desregulação completa do mercado e de o Estado não assumir o papel regulador ou fiscalizador, nem promotor da habitação". "Isso sente-se muito em Lisboa, devido à pressão imobiliária", nota.
A esta preocupação, Alma acrescenta a dos transportes e garante que vai estar empenhada no seu reforço, até para que "uma medida tão positiva como o passe intermodal com os preços reduzidos possa ser acompanhada de um melhor serviço também".
Com umas gargalhadas refrescantes, a nova deputada do PCP admite que a entrada no Parlamento vai mudar-lhe o dia a dia e que a alteração maior "vai ser ao nível das aprendizagens", porque de certeza que há muita coisa que é preciso "compreender melhor e estudar, perceber" - adoptando a linguagem típica do partido, remata que conta "com a ajuda do colectivo para isso".
Questionada sobre se já tem o livro do regimento da Assembleia da República diz que "ainda não". "Só com a investidura é que entregam o livrinho", ressalvou, voltando a soltar uma gargalhada.