A fábrica da Coindu de Arcos de Valdevez fecha portas e deixa 350 pessoas no desemprego. A confirmação foi feita, esta terça-feira, pelo CEO do Grupo têxtil para componentes de automóvel, António Cândido, que fala numa decisão irreversível que deverá estar concluída até dezembro.
“Por parte da Coindu, o despedimento coletivo é inequívoco e teremos que o concluir”, avançou o responsável após uma reunião, esta terça-feira, na autarquia de Arcos de Valdevez. Em causa, justificou o administrador, está a falta de encomendas que viabilizem a continuidade da fábrica no Alto Minho.
“Temos vindo a lutar com a dificuldade para obtenção de novos projetos para Portugal face à concorrência Norte de África e no Oeste Europeu”, reconheceu o CEO do grupo revelando que depois da confirmação que “o projeto potencial para os Arcos não foi adjudicado”, não restou alternativa a não ser avançar com “o processo de despedimento coletivo que está a decorrer”.
Sobre o futuro da unidade do grupo em Joane, Famalicão, o administrador garante que “para já” não está em causa.
“É em Joane que temos o nosso centro de excelência de desenvolvimento do processo para grupo e onde temos a produção de projetos premium que continuarão em Portugal”, garantiu o administrador alertando, no entanto, para a imprevisibilidade causada pela “forte recessão” que o setor automóvel atravessa.
“A indústria automóvel vive neste momento numa forte recessão. É público que temos vários clientes a fecharem fábricas em massa na Alemanha e no mundo. Mas, para já, todos os projetos que temos são estáveis, portanto, o que nos leva a crer que não haverá lugar a despedimentos no futuro”, avançou.
Quem não está convencido dos argumentos usados pelo Coindu para o fecho da fábrica em Arcos de Valdevez é o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins. Em declarações à Renascença, José Simões, secretário-geral do SIMA, diz-se surpreendido e alega que a justificação dada pela empresa de falta de trabalho é difícil de aceitar.
É uma “justificação complicada”, admite o sindicalista. “É difícil porque as empresas têm que procurar, não podem pensar que têm encomendas e as encomendas estão ali para o resto da vida”, defendeu.
Foi com “surpresa” que João Esteves, autarca de Arcos de Valdevez, recebeu a notícia do encerramento da fábrica da Coindu no concelho. Em declarações aos jornalistas, o autarca reconheceu o “impacto significativo” na região com o fecho daquele que é “um dos maiores empregadores do concelho” e apelou a que se encontrem alternativas para os 350 trabalhadores que ficam sem emprego até ao final do ano.
“Apesar de os trabalhadores terem os subsídios e apoios, é preciso encontrar soluções para que estas pessoas possam ser contratadas” pediu o autarca dirigindo-se às empresas da região. “É o que peço é que todos os empregadores da região que necessitem de pessoas que deem uma oportunidade a estes trabalhadores”, insistiu.
Para João Esteves, a crise que alguns sectores da indústria estão a atravessar, como é o caso do setor automóvel, justifica mais atenção das instituições públicas. “É necessário verem porque efetivamente há razões de preocupação em algumas indústrias em Portugal e na Europa com algumas mudanças estão a acontecer no mundo”, alertou.
“Teremos que tomar alguma atitude”, pediu o autarca de forma “a que efetivamente sejam salvaguardados postos de trabalho e que sejam criadas condições para os investidores”.
O encerramento da unidade da Coindu de Arcos de Valdevez acontece um mês depois do grupo especializado na produção de componentes têxtis para automóveis ter sido adquirido pelos italianos da Mastroto. Para além da unidade de Arcos de Valdevez, a Coindu tem uma outra unidade fabril em Joane, Famalicão, no distrito de Braga.