O líder do PSD, Luís Montenegro, criticou o "nível de degradação institucional elevadíssimo" que se verifica com as recentes polémicas, incluindo a que envolve o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, e defendeu que este deve avaliar se reúne condições de imparcialidade para se manter no cargo.
"Terá de fazer uma avaliação relativamente às garantias de imparcialidade e de isenção que estão subjacentes a esta função. Sei bem o que faria no lugar dele e acho que não é difícil de prever face àquilo que estou a dizer", afirmou Montenegro em Faro, onde está com a iniciativa do PSD Sentir Portugal.
"Estamos a assistir em Portugal a um nível de degradação institucional que é elevadíssimo e é preciso pôr cobro a isto", afirmou o social-democrata, apelando a todos os "responsáveis políticos das instituições do Estado" para que não agravem a situação.
"Quero lançar um apelo [para] que todos os responsáveis políticos das instituições do Estado possam contribuir com sentido de responsabilidade para não agravar uma situação que já é muito grave e muito delicada", afirmou.
Luís Montenegro alertou ainda para os riscos do agravamento desta situação: "Está em causa a credibilidade externa de Portugal e a confiança das pessoas".
"O PSD dará o exemplo, não querendo prolongar esse estado de degradação. É importante que todos possam fazer uso daquilo que o Partido Socialista muitas vezes evoca, que é a ética Republicana. É preciso respeitar em Portugal a separação dos poderes, respeitar a independência e a isenção de entidades que têm a seu cargo a regulação, como é o caso do Banco de Portugal, e é preciso que se evitem situações de abuso, abuso de poder e até de poder de comunicação", disse.
"O PSD faz um apelo muito firme relativamente a todos os que têm intervenção pública para não deixarem ir ainda mais longe este estado de degradação que nós atingimos", retirou.
Sobre se o apelo era dirigido a Mário Centeno ou António Costa, Montenegro respondeu que o mesmo se "aplica a todos".
Em causa, estão as declarações de Mário Centeno que disse no domingo, em entrevista ao "Financial Times", que teria sido convidado pelo Presidente da República e pelo primeiro-ministro para liderar o Governo, após a demissão de António Costa.
Contudo, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter desmentido a informação, o governador do Banco de Portugal esclareceu, esta segunda-feira, que não foi convidado pelo Presidente da República para chefiar o Governo e que "nunca houve uma aceitação do cargo".
Centeno explicou, em nota publicada no site do Banco de Portugal, que foi o primeiro-ministro que o convidou a refletir sobre "as condições que poderiam permitir que assumisse o cargo de primeiro-ministro" e que "num exercício de cidadania" aceitou refletir, mas que, considerando que Marcelo decidiu optar pela dissolução da Assembleia da República, "é inequívoco" que não o "convidou para chefiar o Governo”.