O novo selecionador nacional, Roberto Martínez, não exclui Cristiano Ronaldo dos seus planos para o futuro, apesar dos casos protagonizados durante o Mundial 2022 e de o capitão da seleção jogar, agora, num campeonato periférico. Ainda assim, deixa um aviso: há muitos jogadores em bons campeonatos e bastante mais novos.
Na conferência de apresentação, esta segunda-feira, o treinador espanhol, de 49 anos, salienta que "as decisões de futebol têm de se tomar no terreno de jogo" e não no escritório. Por agora, começa o processo de conhecer todos os jogadores elegíveis para a seleção, a começar pelos 26 que foram chamados ao Mundial. Um deles é Cristiano Ronaldo.
"Tenho obrigação de formar a melhor convocatória possível dentro de dez semanas [estreia no apuramento para o Euro 2024]. A partir daqui, quero contactar com todos os jogadores. O ponto de partida são os 26 jogadores da convocatória para o último Mundial. O Cristiano é um deles, é um grandíssimo jogador e tem uma carreira de 19 anos na seleção nacional. Merece a consideração de nos sentarmos e conversarmos", sublinha.
Roberto Martínez quer conhecer todos os jogadores que podem entrar na seleção. Tanto a maior estrela do Al Nassr, da Arábia Saudita, como todos aqueles que jogam nos principais campeonatos da Europa:
"Há 54 jogadores nas cinco melhores Ligas com menos de 28 anos. Temos Benfica e Porto nos oitavos de final da Liga dos Campeões. É minha responsabilidade dar oportunidade a todos os jogadores e respeitar todos os que já estão na seleção. Cristiano Ronaldo é um deles."
É nos jogadores que Martínez se foca. O selecionador dá primazia ao talento, a que tentará adaptar o sistema, e acredita que Portugal tem individualidades para controlar todos os jogos. O técnico espanhol admite, inclusive, jogar com três centrais, como fazia com a Bélgica.
"Não acredito em sistemas. Há que sacar o talento e encontrar uma estrutura que ajude o talento a ganhar jogos. Ser taticamente flexível para sacar o máximo de cada talento e não forçar o talento a adaptar-se a um sistema. Portugal tem de ter sempre a ambição de competir por tudo e, para isso, tem de ser uma equipa moderna. Uma equipa moderna tem de ter flexibilidade tática. Temos de ser uma equipa que saiba jogar com os melhores, que saiba jogar sem bola e que saiba usar o seu talento com bola, que consiga controlar jogos com bola", esclarece.
Roberto Martínez quer, portanto, manter a competitividade de Portugal e todas as "grandes coisas" que Fernando Santos fez. A partir daí, "ir buscar jogadores que possam expressar o seu talento".
"Temos de trabalhar como um clube. Temos de ser uma equipa que nunca perca a competitividade e que jogue com alegria. Os conceitos táticos têm de ser muito claros e, a partir daí, entram em jogo as qualidades de cada jogador. Quero uma forma de jogar ganhadora e representativa do que é o jogador português", assinala.
Para vencer, é preciso chegar lá
O objetivo da Federação Portuguesa de Futebol é estar nas meias-finais de todas as competições. O novo selecionador nacional alerta, contudo, que para isso é preciso, primeiro, garantir a qualificação para tais provas:
"Acredito que há que sonhar muito alto, mas temos de entender o processo. Se não nos qualificarmos para o Euro, não ganharemos o Euro. Se não nos qualificarmos para o Mundial, não ganharmos o Mundial. Esta equipa tem de representar o povo de Portugal e, por isso, temos de lutar para ganhar tudo. Talento para isso já temos. Acredito no projeto, acredito no jogador português e acredito que podemos crescer juntos."
Roberto Martínez estreia-se no comando da seleção nacional no dia 23 de março, às 19h45, na receção ao Liechtenstein, em local ainda a definir, jogo de arranque da fase de apuramento para o Euro 2025.