A fronteira de Tarajal, que separa o território autónomo espanhol de Ceuta do reino de Marrocos, registou novas entradas de cidadãos marroquinos "por mar" tendo o exército de Espanha mobilizado efetivos para o local.
De acordo com a agência espanhola Efe, centenas de pessoas estão concentradas no lado marroquino da linha de fronteira, no norte de África, que se estende de uma montanha até às águas do Estreito de Gibraltar.
Só na segunda-feira, entraram seis mil migrantes no território espanhol, na sua maioria marroquinos, avança o El País.
Fontes militares disseram à Efe que a "pressão migratória" manteve-se durante toda a madrugada, mas que as entradas em Ceuta estiveram reduzidas a "pequenos grupos".
O presidente da cidade autónoma de Ceuta pede a Espanha mais reforços. Em direto para a televisão espanhola, José Vivas disse que a situação está caótica e que é difícil dizer quantos marroquinos já entraram no território.
“Isto tem sido caótico. Não sei se viram as imagens, mas ontem, por exemplo, numa das reuniões que tivemos, o chefe da unidade da Guarda Civil disse que passavam 90 pessoas por minuto”, alertou o presidente, que apontou ainda a “impossibilidade de calcular quantas pessoas entraram em território espanhol”.
A agência France Presse noticiou, entretanto, que pelo menos 86 pessoas "passaram" a fronteira.
Esta terça-feira de manhã, de acordo com a Efe, pelo menos três dezenas de pessoas conseguiram aceder ao território espanhol de Ceuta "pela praia".
Espanha reenviou para Marrocos 1.500 dos seis mil migrantes que entraram de forma ilegal no enclave espanhol de Ceuta desde segunda-feira, anunciou esta terça-feira o Ministro do Interior de Espanha.
"Cerca de seis mil pessoas" entraram em Ceuta e "nesta altura, reenviámos 1.500 dessas pessoas e estamos a continuar essas devoluções", disse o ministro, Fernando Grande-Marlaska, à televisão pública espanhola TVE.
"A lei, os tratados internacionais e os nossos acordos com Marrocos" serão aplicados para a proteção dos 1.500 menores que estão entre os imigrantes, de acordo com o ministro espanhol.
No ano passado, 41.861 migrantes chegaram de forma irregular a Espanha, por via marítima e por via terrestre, um aumento de 29% em relação a 2019, em parte por causa da forte pressão migratória verificada nas Ilhas Canárias, segundo dados oficiais.
No caso específico de Ceuta, em 2020, foram referenciadas 430 chegadas por via marítima, menos do que as 655 verificadas no ano anterior.
Grupos de migrantes tentam regularmente entrar no território de Ceuta, seja a nado ou através de tentativas para trepar as altas cercas fronteiriças que separam o enclave de Marrocos.
Ceuta e Melilla são as únicas fronteiras terrestres da União Europeia (UE) com África.