Ricardo Mexia, presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, diz que o importante é usar máscara, seja ela qual for. E destaca: mesmo com máscara é preciso manter a distância física.
Convidado do programa As Três da Manhã, na emissão especial que a Renascença leva a cabo nesta sexta-feira para falar do “novo normal” e homenagear os que nunca pararam de trabalhar para garantir a segurança, saúde e acesso a bens essenciais, Ricardo Mexia respondeu às questões colocadas pelos ouvintes.
Saiba quais as perguntas e respostas.
É seguro os avós irem buscar os netos à escola?
Sabemos que há mais risco, mas na prática depende da região. Se houver medidas de higiene, lavagem e desinfeção das mãos, o risco será minorado. É importante ter alguns cuidados com os mais vulneráveis.
Usar luvas é importante?
Habitualmente, não recomendamos luvas a não ser para os profissionais de saúde, que usam um par para cada doente e depois o descartam.
O que acontece com as luvas é que lavamos as mãos menos vezes e acabamos por manipular uma série de objetos e até a cara com as luvas. Acaba por ser contraproducente.
Por isso, não recomendamos o uso de luvas no contexto comunitário, a não ser em condições muito concretas. Se puderem lavar as mãos com regularidade ou ter acesso a solução alcoólica é preferível.
E as máscaras? Qual a ideal para usar numa loja, por exemplo?
É uma qualquer. Um bocadinho a brincar, mas é isso. Sabemos que elas têm diferentes requisitos, mas o que tem sido recomendado é a utilização de máscaras cirúrgicas, de máscaras certificadas e as que qualquer um de nós faz em casa.
Estas têm de ter filtro, que pode ser duas folhas de papel absorvente e uma de lenço descartável. Com essas três camadas já ficam muito próximas das máscaras certificadas.
Há um leque de opções, cada uma delas com as suas regras. As certificadas têm um procedimento para a lavagem (um número limitado). Cada uma das opções poderá ser adotada e reduz a disseminação da doença.
Teatros, aviões, missas. Panóplia de orientações não confunde?
Todos temos dificuldades em explicar isso mesmo. Há diversos contextos e, do ponto de vista técnico, as normas têm de se adaptar.
Sabemos que no exterior os riscos são mais baixos do que em recinto fechado e se tivermos cadeiras os riscos são mais fáceis de controlar do que de pé.
Mas depois as pessoas têm dificuldade em perceber; acabam por baixar a guarda, por ter dificuldade em perceber porque é que as coisas são de uma maneira num contexto e de outro noutro.
As coisas têm estado a decorrer e vamos ajustando as medidas em função do que vamos conhecendo. E tentar ajustar cada atividade por forma a minimizarmos o risco.
Qual a forma mais segura de guardar a máscara, entre utilizações na rua?
O que recomendamos é que sejam guardadas dentro de um saco, que pode ser respirável, em tecido, e que sejam mantidas separadas do resto.
A questão é que, quando a voltamos a usar e colocar novamente no sado, podemos contaminar a própria máscara.
Se pudermos, por isso, ter mais do que uma máscara para usar seria o ideal, e proceder à higienização no final do dia.
Espanha e Itália estão agora com descida de casos. Em Portugal, estamos neste planalto há várias semanas e ontem fomos o país com mais casos por milhão de habitante. Como explicar isto?
Podem ser os comportamentos com as medidas de desconfinamento. Há um conjunto de medidas que pode de ter de ser reimplementado. Temos de ter cautela. Isto não está reduzido e todos nós temos de encarar a possibilidade de voltar a ter restrições.
Numa fase inicial, fomos todos cumpridores, agora é altura de retomarmos essas práticas que nos possam ajudar a controlar o problema, sobretudo nas áreas onde temos mais casos, por forma a que todos possamos ultrapassar isto mais depressa.