ERC acusa TVI de “sensacionalismo” em peça sobre genro de Jerónimo
26-07-2019 - 18:17
 • João Pedro Barros

Entidade Reguladora para a Comunicação Social diz que reportagem de Ana Leal sobre alegado favorecimento do genro do líder do PCP em contratos estabelecidos com a Câmara de Loures desrespeita a “presunção de inocência”.

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) considera que a reportagem da TVI sobre um alegado favorecimento do genro de Jerónimo de Sousa em contratos de prestação de serviços à Câmara Municipal de Loures, liderada pelo comunista Bernardino Soares, foi "sensacionalista" e desrespeita a “presunção de inocência”.

A deliberação – que data de 10 de julho e responde a duas participações apresentadas na ERC, uma delas pelo próprio PCP – questiona “a ausência de rigor informativo da peça” e sublinha que a reportagem da jornalista Ana Leal "não cumpriu com os deveres de precisão" e de "clareza".

“Desde logo na formulação das perguntas aos dirigentes do PCP é notório o enviesamento e a falta de isenção da TVI. Esta orientação é patente na pergunta ao presidente da Câmara Municipal de Loures pelo repórter: ‘Jobs for the boys?’, transmitida aos dois minutos e 23 segundos da reportagem, uma expressão conotada, aplicada à escolha de quadros dos partidos políticos para cargos públicos, por causa dessa filiação e em sentido inverso ao da competência e da experiência necessárias ao seu exercício”, pode ler-se.

O documento termina sensibilizando a TVI “para a necessidade de cumprimento escrupuloso dos deveres impostos em matéria de rigor informativo, rejeitando todas as formas de sensacionalismo" e remetendo para a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista as conclusões, deixando a cargo desse organismo possíveis sanções à jornalista e/ou ao canal.

O PCP já reagiu, exigindo que sejam pedidas desculpas públicas ao partido, ao secretário-geral dos comunistas, Jerónimo de Sousa, e “às centenas de milhar de telespectadores que durante semanas a TVI deliberadamente enganou”, numa “campanha persecutória” com base “em mentiras, calúnia e difamação”.