Os dias dificilmente poderiam ser mais intensos na agenda da União Europeia, G7 e NATO. Na semana em que passaram quatro meses desde o início da guerra na Ucrânia, neste domingo cumprem-se 123 dias marcados pela invasão russa, que, longe de terminar, aumenta a cada dia o número de mortos, feridos e refugiados.
Distante da frente de guerra, nos corredores de Bruxelas, a Ucrânia conseguiu converter-se em país candidato à integração na União Europeia. O Conselho Europeu outorgou formalmente o estatuto de candidato a Kiev depois de o governo de Volodímir Zelenski o ter pedido, apenas quatro dias depois do início da guerra.
O processo de ampliação viveu as suas duas caras: Ucrânia e Moldávia na luz, os Balcãs na sombra. Com o sim a Kiev e Chisinau são sete os países na lista de candidatos – Sérvia, Montenegro, Macedónia do Norte, Albânia, Turquia e os dois novos convidados.
A rapidez com que a União Europeia se mexeu quando viu a agressão russa mostra que a vontade política é chave nestes processos. A decisão é uma injeção de moral sem precedentes para a liderança, exército e sociedade ucraniana num momento complexo no Donbass. Mas em termos práticos tem muito de simbólico. As negociações para integrar o clube europeu prolongam-se em média dez anos e quatro meses. De resto, a ampliação começa já descafeinada com a ideia de Macron de criar uma comunidade política europeia. “Talvez não possamos viver na mesma casa, mas sim na mesma rua”, disse o presidente francês.
A este conjunto de dúvidas somam-se as campainhas de alarme a soar nos radares económicos: a inflação dispara, os preços da energia sobrem, o corte no gás russo ameaça o motor industrial da Europa e a utilização dos cereais como arma de guerra. E ainda a cimeira da NATO de Madrid de 29 e 30 de junho dominada pela guerra na Ucrânia e que aprovará uma declaração final que abordará um novo conceito estratégico de defesa.
A análise é de Nuno Botelho, José Pedro Teixeira Fernandes e José Alberto Lemos.