A tradicional divisão do ano em cinco fases de combate aos incêndios foi substituída por níveis, consoante o empenhamento de meios em cada momento. O calendário mantém-se basicamente igual, mas a organização dos meios deixa de estar repartida por fases identificadas pelo alfabeto fonético e passa a ter dois níveis: o “permanente” e o “reforçado”.
Na Diretiva Operacional da Proteção Civil para 2018, a que a Renascença teve acesso, destaque também para o prometido reforço de meios.
Reforço em todos os períodos do ano, mas que até se nota mais nos meses de menor risco, precisamente aqueles em que aconteceram as tragédias do ano passado: junho e outubro.
Em junho, período a que nos últimos anos o sistema chamou fase Bravo - e que agora se vai passar a chamar nível “Reforçado III” - o aumento de meios é significativo.
Mais quase 1.600 operacionais no terreno, num total de 8.200, mais 340 viaturas e mais oito meios aéreos nos primeiros 15 dias do mês e mais 16 na segunda quinzena.
Se for realmente assim, na segunda metade de junho, a Proteção Civil terá 48 meios aéreos, tantos quantos costuma ter na fase mais critica dos meses de verão.
Notório é também o reforço no mês de outubro - que na última década foi conhecido como fase Delta - e que agora também passa a chamar-se nível Reforçado.
Quando comparado com os anos anteriores, outubro, sobretudo a primeira metade do mês, terá mais quase três mil homens, mais 450 viaturas e mais 12 meios aéreos.
Já quanto à fase mais critica, os meses de julho, agosto e setembro - aquela que tinha o nome de fase Charlie - mantém-se com o mesmo enquadramento temporal, mas chama-se agora nível Reforçado IV.
Meses mais críticos com mais meios
Sempre foi, e continuará a ser, o período em que estão ao serviço todos os meios humanos e materiais contratados, este ano também com um reforço.
Mais 1.000 operacionais, num total de 10.800, mais 240 viaturas, num total de 2.300, e mais sete meios aéreos, o que atira o total destes meios para os 55.
O número de meios aéreos é um dos maiores de sempre, mas convém dizer que inclui a frota de 10 helicópteros próprios da Proteção Civil e que desses, neste momento, apenas três estão operacionais.
De resto, salta à vista uma outra mudança. Depois de 18 anos a chamar-se DECIF (Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais), o documento chama-se agora DECIR (Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais).
A Renascença revela os planos da Proteção Civil para o ano em curso, no dia em que o primeiro-ministro vai à sede daquele organismo reunir-se com toda a estrutura operacional.
António Costa vai esta manhã encontrar-se com todos os comandantes – nacionais e distritais - para conhecer precisamente como está a Proteção Civil a preparar o combate aos fogos.
Em junho do ano passado, o incêndio que começou em Pedrógão Grande lavrou durante uma semana e provocou, pelo menos, 66 mortos e mais de 200 feridos. Em outubro, o fogo que consumiu floresta entre os dias 14 e 16 matou 48 pessoas.