O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou esta quinta-feira que Israel luta "contra o terrorismo e mentiras", em resposta à acusação de genocídio apresentada pela África do Sul que começou a ser apreciada no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) da ONU.
"Hoje vemos mais uma vez um mundo virado do avesso. O Estado de Israel é acusado de genocídio enquanto luta contra o genocídio", disse o primeiro-ministro israelita numa mensagem vídeo após terminar a primeira audiência sobre o caso em Haia.
A equipa jurídica da África do Sul começou hoje a apresentar os seus argumentos jurídicos perante o TIJ, o mais alto tribunal da ONU, para exigir medidas cautelares urgentes contra Israel, país que acusa de ter "uma intenção genocida" na sua guerra na Faixa de Gaza.
"Israel está a lutar contra terroristas assassinos que cometeram crimes terríveis contra a humanidade: massacraram, violaram, queimaram, desmembraram, mataram crianças, mulheres, idosos, homens jovens, mulheres jovens", disse Netanyahu sobre o ataque em solo israelita executado pelo movimento islamita palestiniano Hamas, em 07 de outubro de 2023.
Este ataque sem precedentes deixou cerca de 1.140 pessoas, na maioria civis, segundo números oficiais de Telavive, e mais de 200 foram levadas para a Faixa de Gaza como reféns.
"Uma organização terrorista que cometeu o crime mais terrível contra o povo judeu desde o Holocausto, e agora há quem venha defendê-la em nome do Holocausto. Que audácia! O mundo virou do avesso", comentou o chefe do Governo israelita.
Em retaliação ao ataque do Hamas, Israel, que prometeu eliminar o movimento palestiniano considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde nos últimos três meses, segundo o governo local, já foram mortas mais de 23 mil pessoas, na maioria mulheres, crianças e adolescentes.
O conflito provocou também cerca de 1,9 milhões de deslocados (perto de 85% da população da Faixa de Gaza), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado numa grave crise humanitária.
Netanyahu criticou hoje "a hipocrisia da África do Sul" e referiu-se ao Exército israelita como "o mais moral do mundo", e que faz todo o possível para evitar prejudicar a população civil não envolvida no conflito.
"Onde estava a África do Sul quando milhões de pessoas foram mortas e deslocadas das suas casas na Síria e no Iémen, e por quem? Pelos parceiros do Hamas. O mundo está virado do avesso", insistiu, acrescentando que Israel continuará "a combater os terroristas, rejeitando as mentiras", pelo direito à sua defesa e futuro "até à vitória absoluta".
O TJI começou hoje a apreciar as acusações de genocídio na Faixa de Gaza, na sequência de uma queixa apresentada em 29 de dezembro pela África do Sul contra "as atrocidades cometidas por Israel".
O Governo de Telavive prometeu, em 02 de janeiro, estar presente no tribunal nas primeiras audiências em Haia, para se opor às acusações de violação da Convenção de Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, adotada em 1948, o que deverá acontecer na sexta-feira.