A primeira-ministra demissionária do Reino Unido despediu-se oficialmente do cargo esta terça-feira, precisamente sete semanas depois de ter sido eleita líder do Partido Conservador.
Em frente ao número 10 de Downing Street, Liz Truss começou por destacar a "grande honra" de ter sido primeira-ministra e de ter liderado a nação no luto pela morte da Rainha Isabel II, que foi sucedida pelo filho mais velho, o agora Rei Carlos III.
Truss também disse que o seu Governo agiu de forma "urgente e decisiva" para apoiar as famílias num contexto inflacionário e destacou que o seu executivo ajudou milhares de empresas a evitarem a bancarrota, para além de, na sua visão, ter permitido que o Reino Unido recuperasse a sua independência energética para "deixar de estar dependente de potências estrangeiras malignas".
Ainda no contexto da guerra na Ucrânia, que a Rússia invadiu no final de fevereiro, Truss sublinhou que as democracias têm de estar lá para os cidadãos e ser capazes de "ultrapassar regimes autocráticos".
"Agora, mais do que nunca, devemos apoiar a Ucrânia. A Ucrânia tem de prevalecer e temos de continuar a reforçar as defesas da nossa nação", destacou.
Citando o filósofo Séneca, a demissionária destacou que "não é porque as coisas são difíceis que não arriscamos, é porque não arriscamos que as coisas são difíceis" e deixou algumas mensagens ao sucessor, Rishi Sunak, a quem deseja "todo o sucesso".
"Temos de tirar proveito das liberdades que o Brexit nos dá para fazer as coisas de forma diferente. Isto significa garantir mais liberdade para os nossos cidadãos e restaurar o poder das nossas instituições democráticas. Isto significa menos impostos, para que as pessoas possam ficar com mais do dinheiro que fazem, e mais crescimento, que leve a mais segurança no emprego, a salários mais altos e a mais oportunidades para os nossos filhos e netos."
Liz Truss esteve 45 dias no poder até apresentar demissão. O seu programa económico passava por baixar os impostos em 45 mil milhões de libras, sem cortes na despesa pública, o que levou os mercados a entrarem em alvoroço e a libra a cair para mínimos históricos.
No rescaldo do anúncio, o Banco de Inglaterra apresentou um pacote de emergência de 65 mil milhões de libras para proteger os fundos de pensões.
Numa sondagem divulgada pouco depois, o Partido Trabalhista surgia com um avanço de 33 pontos percentuais em relação ao Partido Conservador numa potencial ida às urnas, o que em última instância tornou a demissão de Truss incontornável.
O próximo primeiro-ministro britânico será Rishi Sunak, multimilionário e o mais jovem político a assumir o cargo no Reino Unido. Sunak será recebido pelo Rei Carlos III ao final da manhã de hoje, antes de fazer o seu primeiro discurso à nação na qualidade de chefe do Governo.