Os líderes árabes condenaram, este sábado, o bombardeamento de Israel à Faixa de Gaza, que decorre há duas semanas. Na Cimeira do Cairo, os países pediram ainda novos esforços para um entendimento de paz que termine com um ciclo de décadas de violência entre israelitas e palestinianos.
O rei da Jordânia, Abdullah, denunciou o que chamou de silêncio global sobre os ataques de Israel ao enclave, e pediu uma abordagem mais imparcial à disputa entre Israel e Palestina.
"A mensagem que o mundo árabe está a ouvir é que as vidas palestinianas importam menos que as israelitas", declarou, acrescentando que estava enfurecido e enlutado pelos atos de violência contra civis inocentes em Gaza, na Cisjordânia e em Israel.
"A liderança israelita tem que perceber de uma vez por todas que um Estado nunca pode prosperar se for construído numa fundação de injustiça. A nossa mensagem para os israelitas deve ser que queremos um futuro de paz e segurança para eles e para os palestinianos", acrescentou.
O Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, disse que os palestinianos não vão ser deslocados ou empurrados para fora da sua terra. "Não vamos sair", disse repetidamente à cimeira.
Israel jurou eliminar o Hamas, baseado em Gaza, depois de um ataque surpresa levado a cabo pelo grupo que matou cerca de 1.400 pessoas a 7 de outubro. Com esse propósito, emitiu ordens de evacuação à zona mais a norte da Faixa de Gaza, pedindo aos civis que se dirijam para sul dentro do enclave.
O Presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, disse que o país se opunha à deslocação de palestinianos para a península do Sinai. "O Egito diz que a solução para a questão palestiniana não é a deslocação, a única solução é justiça e o acesso a direitos legítimos e a viver num Estado independente", declarou.
Esta posição reflete os receios dos vários países árabes de que os palestinianos fujam de novo, ou sejam forçados a sair de suas casas em massa - tal como foram durante a guerra à volta da criação de Israel, em 1948.
Três diplomatas declararam ser improvável que haja uma declaração conjunta no final da Cimeira do Cairo, devido a sensibilidades com pedidos por um cessar-fogo, menções ao ataques do Hamas e o direito de Israel a defender-se.
O encontro, promovido pelo Presidente do Egito, junta representantes de vários países, entre eles Mahmmoud Abbas, o presidente da Autoridade Palestiniana, o representante diplomático da União Europeia, Josep Borrell e António Guterres, o secretário-geral das Nações Unidas.