O anterior presidente da Ucrânia, Poroshenko, regressou ao seu país, onde está a ser julgado. Poroshenko foi determinante no combate contra os russos entre 2014 e 2019, ano em que o ator e humorista Zelensky o derrotou nas eleições presidenciais.
Estará Putin envolvido no regresso de Poroshenko? Este personagem continua a afirmar-se um adversário dos russos e critica o atual presidente por ser fraco. Mas Poroshenko também simboliza o poder que ainda têm na Ucrânia alguns oligarcas milionários, que desafiam as instituições democráticas. Ora interessa a Putin impedir que a Ucrânia se torne uma democracia estável; por isso tudo o que desestabilize o frágil poder político de Zelensky joga a favor de Putin.
Há uma semana a Ucrânia sofreu um violento ataque informático desencadeado a partir da Rússia. Provavelmente outros se seguirão. E é fácil a Putin provocar incidentes no Leste da Ucrânia, onde predominam os ucranianos pró-russos e uma pequena parte do território daquele país já foi ocupada por esses pró-russos, com o apoio de militares enviados por Putin.
Poderá Putin desistir de uma invasão da Ucrânia? A superior força militar russa vencerá a resistência ucraniana com alguma facilidade, mas Putin não poderá evitar um certo número de baixas russas, que afetarão a sua popularidade.
Se Putin invadir mesmo a Ucrânia, será intolerável permitir que o Nord Stream 2, um gasoduto direto da Rússia para o norte da Alemanha, comece a funcionar. O gasoduto está pronto e a Alemanha empenhou-se nesse acesso ao gás natural da Rússia, mas não se pode beneficiar o infrator.
Por outro lado, a atitude agressiva de Putin já levou dois países tradicionalmente neutros, a Suécia e a Finlândia, a aproximarem-se da NATO. Aqui, a agressividade de Putin teve efeitos contraproducentes. O mesmo se diga da unidade da NATO, que saiu reforçada face à agressividade de Putin. Nem tudo é negativo.