O impasse continua a 11 dias do prazo de saída. Na última sexta-feira, a primeira-ministra Theresa May apresentou novamente para aprovação o acordo que o Parlamento já havia chumbado duas vezes, em janeiro e março. E uma maioria voltou a chumbá-lo.
Esta segunda-feira, na Câmara dos Comuns – que assumiu o controlo sobre o Brexit a 25 de março –, os deputados britânicos voltaram a discutir e votar (embora sem caráter vinculativo para o Governo) o que os próprios haviam chumbado na sessão de votos indicativos que aconteceu na quarta-feira passada. Ou seja, opções para o Brexit.
A votação estavam quatro moções (de entre oito que foram apresentadas) aceites por John Bercow, o líder da Câmara dos Comuns, votando-se a negociação com a UE de uma (“permanente e abrangente”) união aduaneira, de um “Mercado Comum 2.0”, mas votava-se também um novo referendo ou revogar (mas somente em última instância) o Brexit. E todas estas moções voltaram a receber um rotundo não dos deputados.
A moção C, do conservador Ken Clarke, que indicava ao Governo que tem que negociar a referida união aduaneira com a UE num acordo de saída, teve 273 votos a favor e 276 contra.
A moção D, apresentada pelo também conservador Nick Boles – que anunciou a sua demissão em virtude do chumbo –, e que propunha que o Reino Unido se juntasse à EFTA (Associação de Comércio Livre Europeu) e à EEA (Área Económica Europeia) num modelo de acordo semelhante àquele que a Noruega tem com a UE, teve 261 votos a favor e 282 contra.
Já a moção E, do trabalhista Peter Kyle, que propunha um segundo referendo a qualquer que venha a ser (se vier) o acordo aprovado pelo Parlamento, teve 280 votos a favor e 292 contra.
Por fim, a moção G, apresentada pela escocesa Joanna Cherry, que propunha que se a dois dias de o Reino Unido sair da UE não houvesse um acordo aprovado, o Governo pedisse nova extensão ou revogação (na prática, suspendendo o processo do Brexit) do artigo 50.º, teve 191 votos a favor e 292 contra.
E agora? Sabido era já que Theresa May tinha agora (leia-se: desde sexta-feira) até dia 12 de abril para apresentar um novo plano de ação a Bruxelas. Essa é a nova data oficial para a saída, isto após o Parlamento britânico ter aprovado o adiamento do Brexit no final de março. Caso não o consiga, o Reino Unido vai mesmo abandonar a União Europeia no dia 12 sem qualquer acordo.
Conhecida a votação, o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, propôs – lembrando a sua “desilusão” pelos chumbos desta noite – que, e tal como o acordo para o Brexit de Theresa May, que já foi votado em três ocasiões, na quarta-feira se voltassem a votar as alternativas. “Se ela [May] pode ter três hipóteses, então, eu sugiro que a Câmara também possa considerar estas hipóteses outra vez.”
A reação de Bruxelas também chegaria depressa. Segundo escreveu no Twitter o porta-voz do Parlamento Europeu para o Brexit, Guy Verhofstadt, com a votação desta noite uma saída sem acordo “torna-se agora quase inevitável”.