Riscos ambientais, migrações em massa e agitação social. Os desafios dos próximos anos
11-01-2023 - 09:30
 • Sandra Afonso

A perda de poder de compra é o maior risco a curto prazo. À Renascença, Fernando Chaves, da Marsh McLennan, avisa que vamos viver os próximos dez anos com um agravamento de riscos ambientais.

Nos próximos anos vão aumentar os riscos ambientais, a migração em larga escala e a agitação social, alerta o relatório anual do Fórum Económico Mundial sobre riscos mundiais, o “Global Risks Report 2023”, revelado esta quarta-feira.

A perda de poder de compra é o maior risco a curto prazo, enquanto a falha na mitigação das alterações climáticas é a principal preocupação a longo prazo. A isto juntam-se ainda os confrontos geopolíticos e os posicionamentos protecionistas, que “irão aumentar as restrições económicas e exacerbar os riscos a curto e a longo prazo”.

A pandemia e a guerra na Ucrânia trouxeram de volta crises energéticas, inflacionistas, alimentares e de segurança, que tornam urgente uma ação coletiva antes que se atinja o ponto de rutura nas ameaças mais graves, a longo prazo.

“Temos que considerar que vamos viver os próximos dez anos com um agravamento de riscos ambientais, que vão também impactar num outro espectro de riscos que afetarão muitíssimo a questão geopolítica: os riscos sociais”, explica, à Renascença, Fernando Chaves, da Marsh McLennan, empresa que preparou este estudo com o Zurich Insurance Group.

Entre os riscos sociais, destacam-se “os riscos de migração involuntária em larga escala, que já estamos a sentir e podem agravar-se nos próximos anos, assim como um risco de erosão da coesão social e polarização da sociedade”, acrescenta.

“Onde estamos menos preparados é nas situações de crises de recursos naturais e perda de biodiversidade e cada vez mais é usada a desinformação ou a falta de informação como controlo de poder e a falha na ação climática”, lamenta este responsável da Marsh.

Os autores concluem que a janela de oportunidade para agir está a fechar-se rapidamente, é necessária uma ação coletiva que evite a rutura: “A aposta indicada é por parte das grandes organizações e nações. Todas!”, avisa Fernando Chaves. “Se nada for feito vamos perder a oportunidade de ver um retrocesso (nas alterações climáticas), como tanto defende o Secretário Geral da ONU, António Guterres, pela emergência que vivemos”, conclui.

Este relatório baseia-se nas opiniões de mais de 1.200 especialistas, decisores políticos e líderes empresariais.

Top 10 riscos para os próximos dez anos:

1. Falha na mitigação das alterações climáticas

2. Fracasso na adaptação às alterações climáticas

3. Catástrofes naturais e eventos climáticos extremos

4. Perda de biodiversidade e colapso dos ecossistemas

5. Migração involuntária em larga escala

6. Crises de recursos naturais

7. Erosão da coesão social e polarização da sociedade

8. Cibercrime generalizado e insegurança cibernética

9. Confronto geoeconómico

10. Incidentes com danos ambientais em larga escala

O relatório de 2023 assinala ainda os riscos para este ano: o fornecimento de energia, a perda de poder de compra, a inflação crescente, o fornecimento de alimentos e ciber ataques a infraestruturas críticas. Qualquer um deve ser considerado “consequências da guerra na Ucrânia”, defende Fernando Chaves.

O “Global Risks Report 2023” alerta também para o coktail perigoso que está reunido, quando se juntam riscos como o impacto das alterações climáticas, a perda de biodiversidade e a segurança alimentar.

Top 10 riscos para próximos dois anos:

1. Crise do custo de vida

2. Catástrofes naturais e eventos climáticos extremos

3. Confronto geoeconómico

4. Falha na mitigação das alterações climáticas

5. Erosão da coesão social e polarização da sociedade

6. Incidentes com danos ambientais em larga escala

7. Fracasso na adaptação às alterações climáticas

8. Cibercrime generalizado e insegurança cibernética

9. Crises de recursos naturais

10. Migração involuntária em larga escala