Crise nas urgências. Margem Sul alerta para situação “completamente inaceitável”
10-08-2024 - 01:31
 • Marisa Gonçalves , Ricardo Vieira

Urgência de obstetrícia do Hospital Garcia de Orta, em Almada, só vai receber casos encaminhados pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).

A Comissão de Utentes da Almada exige soluções ao Governo para evitar os constrangimentos no acesso aos serviços de saúde, nomeadamente às urgências. A Câmara do Seixal considera “inaceitável” o encerramento das urgências de Ginecologia e Obstetrícia na Península de Setúbal.

Em declarações à Renascença, Carlos Leal fala numa situação inaceitável face ao encerramento das urgências de ginecologia e obstetrícia na Península de Setúbal já neste fim de semana, que será de muitos constrangimentos, um pouco por todo o país.

“Neste momento, a informação que temos é que as urgências de obstetrícia do Hospital Garcia de Orta, em Almada, vão estar fechadas entre 8 a 13 de agosto. A situação repete-se sistematicamente de tempos a tempos e agravou-se ainda mais porque, este fim de semana, nem o Barreiro nem Setúbal dão resposta. Quem estiver em situação de parto terá de ir para Lisboa, no mínimo”, adverte o porta-voz da Comissão de Utentes da Almada.

Carlos Leal considera que, apesar da falta de médicos, o Governo tem que encontrar uma solução para que estas “situações não se repitam periodicamente”.

A região de Lisboa e Vale do Tejo volta a ser a mais afetada nos próximos dias. Estão já encerradas as urgências de Loures, Caldas da Rainha, Leiria e Setúbal.

Este sábado, para além de Leiria e Setúbal, encerram ainda as urgências de Vila Franca de Xira e do Barreiro.

No domingo o número de urgências encerradas sobe para cinco, com o encerramento do serviço nas Caldas da Rainha.

No sábado e no domingo, as urgências de obstetrícia do Hospital Garcia de Orta, em Almada, e do Santa Maria, em Lisboa, estão referenciadas para receber grávidas via INEM, indicava o Portal do SNS pelas 01h30 deste sábado.

Na segunda-feira, de acordo com as escalas publicadas no Portal do SNS, vão estar encerradas as urgências de Leiria, de Setúbal, do Garcia de Orta em Almada, Francisco Xavier em Lisboa e dos hospitais do Barreiro e das Caldas da Rainha.

Situação “completamente inaceitável”

A Câmara do Seixal classifica como “completamente inaceitável” o encerramento das urgências de Ginecologia e Obstetrícia na Península de Setúbal, considerando que “coloca em risco a saúde e a vida dos munícipes”.

Num comunicado divulgado na conta da instituição na rede social Facebook, a Câmara Municipal do Seixal adianta que a situação torna também difícil o trabalho das forças humanitárias que, “numa situação de emergência, ainda têm que perceber a que unidades podem recorrer”.

“A falta de profissionais de saúde qualificados e de investimento no Serviço Nacional de Saúde é gritante, negando o acesso à saúde da população. A estratégia deste e de anteriores governos tem sido de delapidar paulatinamente os serviços prestados no Serviço Nacional de Saúde até que este chegue a um ponto de insuficiência e rutura, provocar insatisfação junto de quem dele mais precisa, transferir competências para o setor privado e argumentar que o setor público de saúde é ingerível e já não serve a população”, lê-se no comunicado do município.

A Câmara Municipal do Seixal refere ainda que o Serviço Nacional de Saúde precisa de profissionais em quantidade e qualidade e com melhores condições de trabalho assim como de infraestruturas e equipamentos de qualidade que possam dar resposta às necessidades de todos os cidadãos, independentemente da sua condição socioeconómica.