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O secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, afirmou esta quinta-feira que o país "ganhou com a Covid-19" em termos económicos, depois de ter enfrentado a pandemia "com bastante êxito".
Eurico Brilhante Dias admitiu que a declaração "talvez não seja politicamente correta", mas reafirmou em declarações à RTP na Feira de Moda de Paris que "nós ganhámos com a Covid-19".
"E ganhámos porquê? Ganhámos porque Portugal foi um país que, tendo as suas dificuldades, enfrentou a Covid-19 com bastante êxito, dentro daquilo que [foi possível]".
O secretário de Estado referiu que "evidentemente, faleceram muitas pessoas, e muitas pessoas passaram muito mal, mas Portugal mostrou ser um país muito organizado, que enfrentou uma realidade muito disruptiva com sucesso".
"Rapidamente, em 2020, fomos das primeiras economias a reabrir, e a mostrar que a economia estava aberta, e isso teve um efeito positivo sobre a marca Portugal", explicou.
As declarações foram recebidas com várias críticas nas redes sociais e o primeiro-ministro António Costa foi questionado sobre estas palavras no final da reunião do Conselho de Ministros. Mas Costa recusou-se a responder: "Centremo-nos no essencial".
As Ordens dos Enfermeiros e dos Médicos consideram que o secretário de Estado da Internacionalização não tem condições para continuar no cargo depois destas declarações.
Ouvida pela Renascença, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, considera que Portugal "não ganhou nem nunca vai ganhar com a Covid-19".
"Morreram pessoas. Não tem condições para exercer o cargo. É uma falta de respeito para com as famílias das vítimas", defende Ana Rita Cavaco.
a mesma opinião, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, afirmou, à Renascença, que as declarações de Eurico Brilhante Dias são "um desrespeito para milhares de pessoas que morreram por Covid-19".
"Esta é uma frase infeliz de um secretário de Estado. Dificilmente tem condições para se manter no cargo", apontou o bastonário da Ordem dos Médicos.
Já o presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Luís Miguel Ribeiro, garante que o impacto da pandemia na economia nacional "não trouxe ganhos ao país".
[notícia atualizada às 17h50]