O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, revelou na quinta-feira que tentou "apostar uma caixa de uísque" com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, alegando ter mais anticorpos para a Covid-19 do que o britânico.
A sugestão de aposta decorreu durante um encontro entre Bolsonaro e Johnson, na segunda-feira, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Bolsonaro, que não se vacinou contra a Covid-19 por ter estado infetado, queria apostar que tinha mais anticorpos do que o primeiro-ministro, que, por sua vez, recebeu duas doses da vacina da AstraZeneca.
A aposta foi, contudo, rejeita por Boris Johnson, segundo informou Bolsonaro na sua habitual transmissão em direto na rede social Facebook.
"Ele [Boris Johnson] perguntou se eu tinha tomado a vacina e eu falei que não, mas que o meu IGG [anticorpos] estava em 991. Eu falei «vamos apostar uma caixa de uísque em como o meu IGG está melhor que o seu?», ele sorriu e não quis", contou.
Ainda sobre o encontro que teve esta semana com primeiro-ministro, Bolsonaro revelou que Johnson lhe pediu para "facilitar a entrada" de uísque do Reino Unido no Brasil.
Bolsonaro revelou, ainda, que recebeu de Johnson a proposta de um acordo de emergência de importação de mantimentos que estariam em falta em Inglaterra, acrescentando que reencaminhou a questão para a ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina.
"Ele quer um acordo de emergência connosco para importar algum tipo de mantimento nosso que está em falta na Inglaterra. Então, a inflação veio para todo mundo depois do «fique em casa, a economia a gente vê depois», e alguns países estão com falta de alimentos. Essa «batata» eu já passei lá para a dona Tereza Cristina", afirmou, referindo-se à ministra da Agricultura, sem mencionar qual o produto a que Johnson se referia.
Bolsonaro realizou a sua transmissão no Facebook no Palácio do Planalto, a sua residência oficial em Brasília, onde se encontra isolado após ter estado em contacto com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que testou positivo à covid-19 na terça-feira, durante a viagem aos Estados Unidos.
O líder da extrema-direita brasileira aproveitou a infeção do ministro, que já tinha recebido as duas doses da vacina, para voltar a semear dúvidas sobre a eficácia das máscaras e das vacinas, mais concretamente da Coronavac, da chinesa Sinovac.
"O ministro tomou as duas doses da Coronavac e está infetado. Vivia com a máscara e está infetado. Você pode atrasar, mas dificilmente você vai evitar" a infeção, apontou, mantendo a mesma linha negacionista que adotou desde o início da pandemia.
O chefe de Estado referiu que "falta um comandante no Brasil" que "faça valer a sua autoridade" em temas como a pandemia do novo coronavírus, criticando a decisão do Ministério da Saúde de recomendar novamente a vacinação de adolescentes.
"Se eu não falo com o Ministério da Saúde, sou omisso. Se falo, estou a interferir. O que interessa mesmo? Falta um comandante no Brasil. Eu queria ser esse comandante. Queria ter força para decidir", declarou Bolsonaro face à decisão do Supremo Tribunal, de dar autonomia a estados e municípios para decidirem sobre a gestão da pandemia.
Ainda em crítica à vacinação de adolescentes, o Presidente revelou que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foi vacinada contra a covid-19, ao contrário do mandatário, que garante que não o fará até que o "último" brasileiro seja imunizado.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, com 592.964 óbitos e 21,3 milhões de infeções pelo novo coronavírus.