Fernando Medina desvaloriza o alerta da agência de notificação financeira DBRS, que advertiu para o risco de um parlamento bloqueado em Portugal e de um governo instável poder dificultar a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
"O que me parece determinante é qual é a vontade política que existe no nosso país", começa por afirmar o ministro das Finanças, que não vê "razões para receios", em declarações aos jornalistas, esta segunda-feira, à margem da reunião do Eurogrupo.
Medina lembra que a AD "tem inscrito no seu programa e tem como seu objetivo fundamental a manutenção da credibilidade das finanças públicas e da credibilidade internacional do Estado português": "Não há nenhuma razão para que esse compromisso não seja levado a sério em Portugal e por parte das agências de rating."
Para Medina, uma coisa é dizer que os resultados colocarão desafios à governabilidade, o que considera ser "uma evidência".
"Dar outro passo, que é dizer que as consequências dessas dificuldades têm impacto financeiro e nas nossas finanças públicas não se deve dar. O compromisso do partido que venceu as eleições, e que tomo e devemos tomar por bom, é com a estabilidade das finanças públicas", frisa.
Medina defende que, após o seu mandato, o país "está mais protegido" da instabilidade nacional e internacional.
"A política de contas certas é absolutamente essencial para o país. Portugal era o terceiro país com a dívida mais elevada no espaço da moeda única até ao ano passado. Isso colocava-nos em risco muito elevado perante qualquer crise ou abanão internacional. Estávamos na linha da frente dessas dificuldades. Felizmente, conseguimos que para muitos era inimaginável. Neste momento, temos rating 'A' das quatro agências principais do mudo, algo que não acontecia há mais de uma década", enaltece.
Assim, o ainda ministro das Finanças conclui que o PS deixa "um excelente legado, não só ao próximo governo, mas às atuais e futuras gerações". O que espera da AD é que mantenha o compromisso de estabilidade. Isso começa com a entrega do Programa de Estabilidade a Bruxelas.
Medina garante que o atual governo deixará tudo pronto para que o próximo possa usar a base das suas ideias para entregar o seu próprio plano à União Europeia:
"A nossa expectativa é que haja um governo formado antes da data formal de entrega. Transmitiremos ao próximo governo tudo aquilo que estiver preparado, ou seja, deixaremos tudo preparado para que o próximo governo possa integrar as políticas que entenda no próximo Programa de Estabilidade a entregar a Bruxelas."