Um navio português foi este sábado capturado no estreito de Ormuz, entre o Irão e os Emirados Árabes Unidos, por forças especiais iranianas.
Um vídeo publicado pela Associated Press mostra o navio MSC Aries, com bandeira portuguesa, a ser atacado perto do Estreito de Ormuz. O navio fazia a ligação entre os EAU e a Índia quando foi atacado.
A empresa Operações Marítimas do Reino Unido (UKMTO) indicou que o navio estava a 50 milhas náuticas (92 quilómetros) de Fujairah, nos Emirados, perto do estreito de Ormuz.
A agência noticiosa iraniana IRNA avança ainda que a Guarda Revolucionária do Irão capturou o navio português por estar “ligado a Israel” e que está a ser transferido para as águas do Irão. A agência de notícias Tasmin, associada à Guarda Revolucionária, confirmou que o navio assaltado foi o MSC Aries, referindo-se ao mesmo como um barco “associado ao regime sionista”.
O cargueiro MSC Aries, com bandeira portuguesa, pertence a uma empresa que faz parte do grupo Grupo Zodiac, do bilionário israelita Eyal Ofer.
Em reação, o porta-voz do exército israelita respondeu que o Irão irá "arcar com as consequências" por "escolher escalar a situação", indicou Daniel Hagari em comunicado. "Israel está em alerta. Aumentámos a nossa prontidão para proteger o país da agressão iraniana e estamos preparados para responder", adianta.
Nas redes sociais, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita acusa o "criminoso" regime de Ali Khamenei e descreve o ataque como uma "operação pirata".
Portugal acompanha situação. Não há portugueses a bordo do MSC Aries
Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros adianta que as autoridades portuguesas "estão a acompanhar a situação", estando envolvidos o gabinete do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e os ministérios dos Negócios Estrangeiros, Presidência, Defesa Nacional e Economia.
"Trata-se de um navio de carga, o MSC Aries, com "pavilhão" português (registo na Região Autónoma da Madeira), sendo a empresa proprietária a Zodiac Maritime Limited, com sede em Londres. Não há registo de cidadãos portugueses a bordo, seja tripulação ou comando", refere o Governo, indicando que está em contacto com as autoridades iranianas.
À AFP, a Mediterranean Shipping Company (MSC), com sede em Genebra, confirma que há "25 tripulantes a bordo" do MSC Aries, propriedade da Gortal Shipping Inc, afiliada à Zodiac Maritime, e fretado pela MSC.
O helicóptero utilizado pela Guarda Revolucionária para apresar o navio é um "Mil Mi-17", da era soviética, que tanto a Guarda quanto os Huthis, rebeldes iemenitas, apoiados pelo Irão, usaram no passado para realizar ataques de comando a navios.
Desde 2019 que o Irão tem sido acusado de estar envolvido em vários assaltos e ataques a navios na zona do golfo de Omã, por onde passa cerca de um quinto de todo o petróleo comercializado no mundo.
Esta sexta-feira foi noticiado que Israel esperava um ataque do Irão para os dias seguintes, como retaliação depois da morte de um alto oficial da embaixada do Irão em Damasco a 1 de abril.
O regime de Teerão prometeu contra-atacar, aumentando as preocupações sobre o potencial de uma nova escalada do conflito no Médio Oriente.
[notícia atualizada às 12h58]