Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano, e Kim Yong-chol, braço-direito de Kim Jong-un e interlocutor privilegiado nas negociações para a desnuclearização da península coreana, deveriam ter-se reunido em novembro, mas o encontro acabaria por ser desmarcado.
Mas esta quinta-feira Kim Yong-chol aterraria mesmo em Washington, tendo na sua agenda uma reunião com Pompeo e, segundo revelam fontes da Casa Branca à imprensa americana, poderá igualmente reunir com Donald Trump. Em cima da mesa está a realização, já em 2019, de uma segunda cimeira (a primeira, histórica, realizou-se em junho, em Singapura) entre os líderes norte-americano e norte-coreano.
No entanto, e apesar deste encontro de Washington representar um avanço diplomático significativo, os últimos meses não indiciam que as relações entre Donald Trump e Kim Jong-un respirem entendimento.
É verdade que logo após a cimeira de Singapura, o chefe da diplomacia americana, Pompeo, afirmou publicamente que uma segunda cimeira Estados Unidos-Coreia do Norte ocorreria "o mais depressa possível", garantindo que os EUA "continuam a avançar relativamente aos acordos [de desnuclearização] alcançados em Singapura".
Mas não avançariam tanto assim. Estas declarações de Pompeo foram proferidas em outubro. Nos meses a seguir, a imprensa norte-americana, nomeadamente o Washington Post, citando fontes da Casa Branca, referia que os satélites espiões haviam detetado atividade contínua num local que produziu mísseis balísticos, uma fábrica em Sanumdong, perto de Pyongyang, unidade que é conhecida por ter desenvolvido o Hwasong-15, o primeiro míssil feito na Coreia do Norte com capacidade para atingir os Estados Unidos da América.
A Reuters afirmaria que as imagens de satélite apenas apresentavam movimentação de veículos na fábrica, não havendo provas de qualquer construção de mísseis balísticos.
Em dezembro, porém, o caso mudou de figura e as suspeitas resultariam em certezas. Imagens de satélite obtidas pela CNN, destacam melhorias significativas na base de mísseis de Yeongjeo-dong, cuja localização, no interior montanhoso do país, não era conhecida dos norte-americanos e da comunidade internacional.
Alguns dos mísseis lá produzidos seriam mísseis balísticos intercontinentais (ICBM), alguns deles com capacidade para transportar ogivas nucleares. Em comunicado, o Governo dos EUA referiria somente que "tem acompanhado a Coreia do Norte de perto" e que "não discutirá informações confidenciais".
Contudo, a mensagem de Ano Novo de Kim Jong-un parece ter refreado a tensão nuclear, referindo o líder norte-coreano que pretendia encontrar-se com Trump "a qualquer momento".
Refira-se que, ao mesmo tempo que Pompeo e Kim Yong-chol se encontram em Washington, decorre, refere o jornal sueco Dagens Nyheter citado pela Bloomberg, um encontro paralelo em Estocolmo (também com vista à negociação de nova cimeira) entre o ministra dos Negócios Estrangeiros norte-coreana Choe Son Hui e Stephen Biegun, o representante especial dos Estados Unidos para a Coreia do Norte.