O primeiro navio elétrico da Transtejo/Soflusa, o "Cegonha Branca", fez, esta terça-feira, a sua viagem inaugural entre o Seixal e Lisboa, levando a bordo o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro. Esta será a primeira de dez embarcações movidas a baterias a ligar as duas margens do Tejo.
Para a viagem inaugural do "Cegonha Branca", foi necessário fechar o terminal e suspender uma das carreiras do serviço público de transporte fluvial.
"Foi preciso suspender o serviço público, porque, neste momento, só temos um pontão. Para este navio estar lá e fazermos esta cerimónia, foi preciso suspender uma carreira do Seixal para o Cais do Sodré", explicou Alexandra Carvalho, presidente do Conselho de Administração da Transtejo/Soflusa, para justificar a decisão.
Em fevereiro de 2024, outros dois navios serão entregues pelo construtor espanhol à Transtejo Soflusa, adianta Alexandra Carvalho. Para a operação são necessários três navios, pelo que no final do mês de março os três navios estarão em operação.
Mas já na próxima semana, haverá uma surpresa. De acordo com a presidente do conselho de administração, nas próximas semanas vão ser realizadas "viagens experimentais", já com passageiros a bordo.
O primeiro-ministro, António Costa, defendeu a decisão do Governo de aproveitar recursos como o lítio e o hidrogénio - sob investigação na operação Influencer - e salientou o que deixa este Governo em matéria de energia e de ambiente, na "margem esquerda".
"Vivemos numa área metropolitana que é uma grande cidade de duas margens e o que se quer entre as duas margens é que elas se possam aproximar e que não haja uma distância entre a margem certa, que à esquerda, e a margem direita", argumentou Costa.
No final desta cerimónia, o primeiro-ministro recusou responder a perguntas dos jornalistas.
De relembrar que a compra dos navios elétricos levou, em abril, à demissão da então presidente do Conselho de Administração da Transtejo, Marina Ferreira, que saiu após um relatório do Tribunal de Contas (TdC) acusar a empresa de "faltar à verdade" e de práticas ilegais e irracionais.
Em causa estava a compra de nove baterias, pelo valor de 15,5 milhões de euros, num contrato adicional a um outro contrato já fiscalizado previamente pelo TdC para a aquisição, por 52,4 ME, de dez (um deles já com bateria, para testes) novos navios com propulsão elétrica a baterias, para assegurar o serviço público de transporte de passageiros entre as duas margens do Tejo.