Ciganos portugueses sentem-se os mais discriminados da Europa
29-11-2016 - 23:12

Quase metade (47%) sentiu-se discriminada no último ano e 71% sofreram pelo menos um episódio de discriminação nos últimos cinco anos, indica relatório europeu.

Veja também:


Os ciganos portugueses são os que se sentem mais discriminados entre os ciganos de nove países europeus, indica um relatório da Agência Europeia para os Direitos Fundamentais (FRA), divulgado esta terça-feira.

Quase metade (47%) sentiu-se discriminada no último ano e 71% sofreram pelo menos um episódio de discriminação nos últimos cinco anos.

Nesta matéria que Portugal aparece muito acima da média dos nove países analisados, em que 41% afirmou ter sido discriminado nos últimos cinco anos e 26% nos 12 meses anteriores. Em relação a este último ponto, Portugal só é ultrapassado pela Grécia, com 48%.

A FRA diz mesmo que, comparando com o primeiro inquérito, realizado em 2011, "a prevalência de discriminação quando procuram por trabalho aumentou substancialmente para os ciganos em Portugal". Neste parâmetro, 47% dos ciganos portugueses queixou-se de discriminação, contra 16% da média dos nove países (M9P).

Por outro lado, 11% dos ciganos nacionais disse ter sido discriminado no local de trabalho, 38% em serviços públicos/privados, valores que baixam para 2% na educação, 5% no acesso a habitação e 5% na saúde.

Oito em cada dez ciganos abaixo do limiar de pobreza

De acordo com a Agência Europeia para os Direitos Fundamentais, 80% dos ciganos europeus vive abaixo do limiar da pobreza, contra 17% da média europeia.

Um total de 30% vivem em casas sem água potável e 46% não tem casa com banho interior, chuveiro ou banheira, apenas 30% tem um trabalho remunerado e só 53% das crianças ciganas frequenta o ensino pré-primário.

Nesta investigação foram avaliados vários parâmetros, desde pobreza e exclusão social, participação no mercado de trabalho, educação, conhecimento de direitos e discriminação, sendo que é neste último que Portugal aparece pior referenciado.

O relatório da FRA resulta do segundo inquérito sobre Minorias e Discriminação na União Europeia (EU-MIDIS II), para o qual foram entrevistadas 25.500 pessoas de várias minorias étnicas, entre as quais 7.947 ciganos presencialmente, além de inquéritos a mais 33.785 indivíduos.

Especificamente em relação aos ciganos, os países incluídos neste estudo foram Portugal, Espanha, Eslováquia, Bulgária, Croácia, República Checa, Grécia, Hungria e Roménia, onde, no conjunto, habitam cerca de 80% dos ciganos que vivem na União Europeia.