O consumo de álcool e de droga está a crescer entre os jovens de 18 anos. “Há um aumento no consumo de bebidas alcoólicas e das drogas ilícitas, fundamentalmente da canábis. Aumentaram os consumos diários”, confirmou à Renascença Manuel Cardoso, do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).
Estas conclusões resultam de um inquérito, realizado anualmente desde 2015, junto dos jovens de 18 anos participantes no Dia da Defesa Nacional. Responderam 70 mil jovens.
Metade dos inquiridos (51,9%) disse já ter bebido de “forma intensiva” pelo menos numa ocasião no último ano, contra 47,5% em 2015, e 33,9% relatou ter ficado com uma “embriaguez severa” (29,8% em 2015).
“Parece delinear-se uma tendência de incremento do consumo binge [operacionalizado como cinco ou mais bebidas numa ocasião para as raparigas e seis ou mais bebidas para os rapazes] e da embriaguez severa entre os jovens de 18 anos”, alerta o inquérito.
Manuel Cardoso, do SICAD, sublinha que se nota uma aproximação de hábitos entre os dois sexos. “É uma evolução paulatina, mas sistemática do aumento dos valores da experimentação alcoólica, do aumento dos consumos binge, do aumento da embriaguez ligeira ou severa. Cada vez há menos diferença entre rapazes e raparigas: os consumos e comportamentos são muito similares”.
Outras conclusões do estudo apontam que 89% já consumiram bebidas alcoólicas pelo menos uma vez na vida, 60% já experimentaram tabaco, 36% substâncias ilícitas e 7% tranquilizantes/sedativos sem receita médica.
A seguir à canábis, as substâncias ilícitas mais mencionadas foram as anfetaminas/metanfetaminas (5,2%), incluindo o ecstasy, a cocaína (3,3%), alucinogénios (3%), as Novas Substâncias Psicoativas (2,5%) e a heroína e outros opiáceos (1,7%).
Das Novas Substâncias Psicoativas (NSP) faz parte o consumo de canabinóides sintéticos (1,9%), catinonas sintéticas (1,5%) e plantas ou outras NSP (1,8%).
O inquérito mostra ainda que os jovens passam em média seis horas por dia na internet e cada vez há mais a jogarem a dinheiro.
Estas conclusões levam Manuel Cardoso a dizer ser preciso mudar a intervenção junto dos mais novos para reverter estes comportamentos. “Nos últimos anos notámos um ligeiro desinvestimento na intervenção preventiva, por vários factores. Portanto, como diz o povo, vamos ter que arregaçar mangas”.