O actual autarca de Cascais, líder da maior Câmara social-democrata da área metropolitana de Lisboa, considera que tem havido erros da parte de Rui Rio e Luís Montenegro. A poucas horas do início do Conselho Nacional do PSD, Carlos Carreiras mostra-se "muito pessimista" quanto ao futuro do seu partido.
Em declarações à Renascença, esta tarde, em Cascais, à margem da apresentação das iniciativas da autarquia local para o ano de 2019, Carreiras defende que Rui Rio deve continuar, mas considera que a realização do Conselho Nacional não é bom para o partido.
"Não estou à espera de nada positivo, seja qual for o resultado. Aqui, não tem a ver com qualquer uma das partes. Não estou à espera que se inverta este processo de descida que o PSD tem vindo a sentir. O Conselho Nacional não será, seja qual for o resultado, a reversão desse processo. O PSD só terá alguma possibilidade para o futuro se todos tivermos a perceção dos erros que foram sendo cometidos e os corrigirmos. E os erros não foram só cometidos por uma das partes, foi de uma forma muito geral. E, portanto, como eu tenho a noção, pelo menos na análise que faço neste momento, de que nem sequer as partes todas têm a perceção de que cometeram erros, dificilmente terão a capacidade de corrigir esses mesmos erros. Eu, que sou um otimista militante e irritante nesta precpectiva, estou um bocadinho pessimista”, lembra.
Quanto ao voto no Conselho Nacional, se deverá ser secreto ou não, Carlos Carreiras diz que devem ser seguidos os estatutos do partido e os regulamentos do Conselho Nacional, que indicam que se 10 por cento quiserem, o votos será secreto.
No que toca ao futuro do PSD, o antigo coordenador autárquico laranja acha que o partido só sai a perder com tudo o que se tem passado.
"Acho que vai ficar tudo na mesma, mas o 'ficar tudo na mesma' é ficar tudo para pior, seja qual for o resultado. Ao contrário, por exemplo, de um comentário que ouvi de Marques Mendes, que dizia que Montenegro ganhava e que Rui Rio ganhou, para mim, perderam os dois. Confesso que não é do ponto de vista pessoal muito preocupante, o que é preocupante é que para além de perderem os dois, perdeu o PSD. E ao perder o PSD, sendo eu um militante social-democrata que considera que o PSD é essencial à democracia portuguesa, perdeu a própria democracia portuguesa. Estamos sempre em sentido de perda, quando o PSD tem que virar e ter a ambição de passar a um sentido de ganho, para ele e para o país”, lembra.
Carlos Carreiras admite que Rui Rio possa não tirar lições deste processo, embora defenda que deve permanecer à frente do PSD.
"Deve [Rio] aproveitar para corrigir os erros que cometeu. Deve já ter a perceção se os cometeu ou não, porque se o próprio não tiver essa percepção de que tenha cometido erros, não vai corrigir nada. É isso que se passa? É isso que eu espero que não se passe. E que, ao mesmo tempo, tenha a capacidade de afirmar o tal projeto alternativo, que entretanto, pelo que se lê, pelo se vai sabendo pela comunicação social, terá o tal conselho estratégico a trabalhar nesse sentido”, conclui.