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O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública apela ao Governo para reforçar os meios de resposta à pandemia e alerta que o plano de contingência para o inverno já deveria estar aprovado, nesta altura.
Em declarações à Renascença, Ricardo Mexia diz que tem vindo a avisar que há necessidade de haver um recrutamento importante de profissionais para ajudar no rastreio de contactos.
“Tem que haver um reforço daquilo que é a resposta no âmbito dos cuidados de saúde primários e tem que haver naturalmente um reforço daquilo que é a resposta nos cuidados de saúde hospitalares, perante aquilo que são os casos mais complexos e mais graves da doença”, explica.
Quanto ao plano de contingência para o tempo mais frio que se avizinha, Ricardo Mexia alerta que “deveria ser divulgado mais precocemente”, para que as instituições que vão estar envolvidas na resposta “tenham oportunidade de se preparar”.
“O problema aqui é que, adicionalmente, a situação acabou por se degradar antes daquilo que nós tínhamos antecipado”, sublinha o presidente. “Quanto antes, têm de ser implementadas as medidas desse planeamento do inverno”.
Ricardo Mexia adianta que é natural que o número de casos aumente ainda mais na próxima semana, altura em que vão começar a sentir-se os impactos do regresso às aulas.
“Seguramente que já haverá, na próxima semana, a repercussão dos eventuais contactos que aconteçam no contexto escolar. É expectável, infelizmente, que possam ocorrer”, lamenta.
O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública comentou ainda a hipótese de existir obrigatoriedade na utilização de máscaras, na via pública. “A perceção que temos é que, muitas vezes, isso acaba por gerar alguma animosidade e pode, eventualmente, até ser contraproducente”.
“A situação mais preocupante ainda estará por vir”
Também em declarações à Renascença, Mário Jorge Santos, especialista em Saúde Pública, explica que a máscara deve ser usada sempre que há risco e que, nesta altura, a maior parte dos casos acontece em contactos de proximidade e em espaços fechados.
“O nosso padrão de transmissão, neste momento, é muito relacionado com ambientes familiares, com contactos muito próximos, com situações de espaços confinados. É exemplo os balneários dos clubes de futebol, reuniões, festas”, explica o especialista. “No espaço público, não está comprovada a transmissão”.
Para Mário Jorge Santos, o aumento de infeções por Covid-19 que se tem verificado nos últimos dias em Portugal “é expectável” e, na opinião do especialista, “não tem aumentado a um ritmo preocupante, porque acompanha o que se passa em toda a Europa e, até, num grau menor”.
“O número de casos não tem afetado proporcionalmente o número de internamentos”, continua. “A situação mais preocupante ainda estará por vir”.
O primeiro-ministro convocou, para esta sexta-feira de manhã, uma reunião do gabinete de crise, numa altura em que o número de casos de Covid-19 tem disparado no país.