A CGTP reage com indignação às declarações de António Costa sobre o enceramento da refinaria da Galp em Matosinhos. O líder socialista criticou o despedimento de centenas de trabalhadores e disse mesmo que a empresa precisa de uma lição.
Isabel Camarinha não deixou passar em claro estas declarações, que classifica como vergonhosas. “Quando ouvi as palavras do primeiro-ministro pensei que não estava a ouvir a mesma pessoa, porque eu tinha ouvido o primeiro-ministro, não há muito tempo, a dizer que era um problema mas que tinha de acontecer, que era normal, e agora vem dizer que, afinal, a GALP portou-se mal e não cumpriu com tudo o que devia ter cumprido.”
"É uma vergonha. Desde o início deste processo que a CGTP e os sindicatos que representam os trabalhadores da refinaria de Matosinhos têm denunciado o crime que constitui o encerramento daquela refinaria, não só pela destruição daquele número enorme de postos de trabalho, mais de 1.500, como para a economia local e para a economia nacional", acrescenta.
Camarinha acusa Costa de se contradizer. "Agora, vem o primeiro-ministro dizer que realmente aquilo prejudica muito a economia nacional, quando disse o seu contrário, não há muitos meses atrás. É vergonhoso e o Governo devia ter vergonha de fazer afirmações destas quando não fez nada para impedir que a refinaria de Matosinhos encerrasse."
A sindicalista diz que a situação é incompreensível, e dá outros exemplos. "Não se compreende. Nem nesta situação, nem em outras. Aqui em Santa Iria da Azóia está a encerrar a produção da empresa Saint Gobain Sekurit, que é a única empresa do país que produz vidros para veículos automóveis. Sem que o Governo mexa uma palha. Portanto, há que alterar esta postura e alterar estas opções do Governo – e não vir apenas em período de campanha eleitoral dizer coisas que agradam eventualmente em alguns. É preciso agir para que essas coisas aconteçam”.
Isabel Camarinha falou com a Renascença esta segunda-feira em Santa Iria da Azóia, à margem de uma ação relacionada com a greve dos transportadores privados.
“Difícil de imaginar tanto disparate”
No domingo, numa ação de campanha para as eleições autárquicas, em Matosinhos, António Costa considerou que "era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade" como a Galp demonstrou no encerramento da refinaria de Matosinhos, prometendo uma "lição exemplar" à empresa.
O primeiro-ministro deixou críticas ao encerramento da refinaria no distrito do Porto, na sequência da decisão da Galp de concentrar as operações em Sines, acusando a empresa de deixar "um enorme passivo ambiental de solos contaminados".
Considerando que o processo da empresa em Matosinhos constitui "um exemplo de escola de tudo aquilo que não deve ser feito por uma empresa que seja uma empresa responsável", o também primeiro-ministro elencou três dimensões que testemunham a irresponsabilidade e a insensibilidade da Galp.
Questionada pela Lusa sobre as declarações de António Costa, fonte oficial da empresa disse que "a Galp não tem comentários sobre as declarações do senhor primeiro-ministro".