“É desta terra que parti para ser ministro é a esta terra que volto para deixar de o ser”. Foram estas as primeiras palavras que o ministro do Ambiente proferiu ao confirmar que não irá continuar no cargo. Na conferência da assinatura do novo projeto da Metro Porto, João Pedro Matos Fernandes confirmou que mesmo que “é mesmo um fim de ciclo por decisão própria”
O ministro afirma ter em vista outras concretizações pessoais e que “ser ministro não é propriamente um emprego nem uma carreira e, por isso, é a coisa mais normal do mundo sair de onde saio”, remata aos jornalistas.
Relativamente aos seis anos que ocupou o cargo, Matos Fernandes afirma terem sido muitos os sucessos e que “a grande luta foi impedir aquilo que vinha do Governo da direita, impedir a privatização do Metro do Porto, do Metro de Lisboa, da STCP e da Carris.”
Questionado pelos jornalistas sobre o balanço deste percurso, o ministro diz “fizemos muito melhor do que aquilo que estava previsto ter sido feito”.
Aos jornalistas fala do seu ministério como o “que deixou de ser o ministério do não e passou a ser o condutor de uma das mais relevantes políticas para o país e para o mundo que é a do combate às alterações climáticas”.
O ministro do Ambiente considera que Portugal está na vanguarda da luta às alterações climáticas, sendo o primeiro país do mundo a dizer querer ser neutro em carbono em 2050, tendo reduzido as emissões em 32% e ressalva ainda o facto de “60% da eletricidade que consumimos já provem de fontes renováveis”.
Numa nota sobre o conflito a decorrer na Ucrânia, Matos Fernandes diz que “Portugal defendeu-se muito bem da guerra”. O ministro refere que em Portugal a eletricidade subiu apenas 10% ao contrário do sucedido noutros países, onde este valor toca os 50%.
Contudo, ressalva ainda que “debaixo deste conflito é cada vez mais evidente a aposta que tem de ser feita nas energias renováveis”.
Relativamente à crise da seca vivida no país, o ministro do ambiente diz que “em seis anos de ministro tive cinco anos de seca” e garante que “nunca faltou nem vai faltar água na casa dos portugueses”.
Matos Fernandes adverte, no entanto, que “quando há menos água temos que agir do lado da procura e não da oferta, não há oferta possível para combater esta redução de chuva e por isso temos de ser mais eficientes e utilizar menos água”.
Numa tarde em que o ambiente e as alterações climáticas são o assunto do dia, Matos Fernandes salienta a importância de investimentos como o BTR. O novo projeto da Metro Porto vai ligar a Casa da Música à praça do Império, na Foz do Porto. Consiste num veículo movido a hidrogénio, ou seja, com 0% de emissões poluentes.
O veículo, que se assemelha a uma função híbrida de autocarro e metro de superfície percorrerá, numa fase inicial, a Avenida da Boavista e a Avenida Marechal Gomes da Costa, conectando a Rotunda da Boavista e a Praça do Império.
Segundo Tiago Braga, presidente da Metro do Porto, a estimativa inicial de 45 milhões de euros não foi atingida e o consórcio selecionado apresentava um projeto de 25 milhões de euros.
Com este “montante de sobra”, como lhe chama Matos Fernandes, o próprio explica que foi tomada a decisão de alargar o percurso do BRT até à Rotunda da Anémona, em Matosinhos, numa segunda fase.
A implementação deste novo meio de transporte implicará também a implementação de um posto de abastecimento de hidrogénio que, não só cumprirá esta função como será também um produtor próprio de hidrogénio verde, um hidrogénio produzido somente com energias renováveis.
O BRT funcionará com uma frequência de 10 em 10 minutos e vai encurtar a distância Foz-Boavista para apenas 15 minutos. Contará com 8 estações ao longo do percurso e estará pronta a 31 de dezembro de 2023.