Moldávia convoca embaixador russo após declarações de general
23-04-2022 - 08:32
 • Lusa

O militar avançou que após o controlo do sul da Ucrânia, Moscovo quer fornecer ajuda aos separatistas russófonos da Transnístria.

A Moldávia convocou o embaixador da Rússia para protestar contra as declarações de um general russo afirmando que Moscovo pretende controlar o sul da Ucrânia para ter acesso a uma região separatista da Transnístria.

O país exprimiu “profunda preocupação” junto do embaixador devido às declarações do general russo Rustam Minnekaiev, indicou em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A Moldávia “considera estas declarações como infundadas e contraditórias com o apoio da Rússia à soberania e integridade territorial do nosso país”, prosseguiu o ministério.

“A Moldávia é um país neutral” e apela a Moscovo que “respeite esse princípio”, acrescentou.

A inquietação da Moldova relaciona-se com as declarações do general Rustam Minnekaiev, comandante adjunto das forças do Distrito militar do Centro da Rússia, que hoje afirmou a intenção de Moscovo em assumir “o controlo total do Donbass [leste] e do sul da Ucrânia”.

Segundo Minnekaiev, o controlo do sul da Ucrânia deve designadamente permitir que seja fornecida ajuda aos separatistas russófonos da Transnístria, que desde 1992 controlam este território da Moldávia junto à fronteira com o oeste da Ucrânia. Nesta região está instalada uma base militar russa.

“O controlo do sul da Ucrânia também inclui um corredor em direção à Transnístria, onde também se registam casos de opressão da população russófona”, assegurou o general Minnekaiev.

Estas declarações suscitaram inquietação entre as autoridades, por ter sido este um dos argumentos que Moscovo esgrimiu para justificar a sua invasão da Ucrânia, ao também acusar o Governo de Kiev de perseguição às populações russófonas.

As complexas relações entre a Rússia e a Moldávia, uma ex-república soviética de 2,6 milhões de habitantes situada entre a Roménia e a Ucrânia, agravaram-se após a eleição em 2020 de Maia Sandu, uma Presidente pró-europeia.

A Transnístria, que declarou a secessão da Moldova após uma curta guerra civil no decurso da desintegração da União Soviética, possui cerca de 500.000 habitantes e é apoiada económica e militarmente por Moscovo. Este território, atravessado pelo rio Dniestre, não é reconhecido como Estado pelas instâncias internacionais.