Madrid e Londres são duas grandes cidades europeias que já foram alvo de ataques terroristas. Na capital espanhola, em 2004, uma série de explosões, em vários comboios, fizeram 191 mortos - pelo menos até este momento, o número mais elevado de uma ofensiva terrorista em solo europeu.
Um ano depois, no Reino Unido, 57 pessoas morreram e 700 ficaram feridas, na sequência de quatro bombistas coordenados terem feito rebentar engenhos, em vários transportes públicos de Londres.
Agora, foi em Paris e, no rescaldo do atentado de sexta-feira, a Renascença tentou perceber quais são, cerca de dez anos depois, os sentimentos de pessoas que residiam e continuam a residir nas duas capitais europeias anteriormente afectadas.
Apesar de português, Tiago Dias nasceu em Londres e lá vive há 21 anos. Diz que o ambiente é de total normalidade. “Não se viu nada de especial. Houve uma reacção das pessoas, mas, em termos de segurança, não notei grandes diferenças. Andei pelo centro e a única diferença é que as pessoas estão mais vigilantes e nervosas nos transportes públicos”, conta à Renascença.
Para o estudante de economia, este ataque, apesar de gerar alguma preocupação, “não mudou as rotinas dos londrinos”.
Normalidade em Madrid, apesar de Paris ter relembrado velhos medos
Também em Madrid, vive-se um “ambiente de normalidade”, de acordo com Paulo Pereira. Este português residente na capital espanhola diz ter ficado, até, "um pouco surpreso", face ao regresso à vida habitual.
"Estava convencido de que iria haver menos gente nas lojas e nos grandes armazéns da cidade, mas a verdade é que vejo as ruas cheias de gente. Não notei, verdadeiramente, nada de diferente. Está tudo cheio, tudo normal”, diz.
Ainda assim, Paulo Pereira considera, pelas conversas que foi e vai tendo, que os madrilenos estão com receio de uma nova investida terrorista. "Há já quem se questione onde se viver em Madrid”, conta.
“Há uma grande preocupação. As pessoas não sabem se devem viajar, ir a espectáculos. Muitas pessoas que iam ver o Real Madrid frente ao Barcelona, no fim-de-semana, já não vão, por exemplo. Aqui teme-se algum atentado”, acrescenta.